A Conmebol anunciou nesta quinta-feira que o histórico Estádio Centenário, em Montevidéu, será o palco das finais dos torneios de clubes disputados na América do Sul em 2021, a Libertadores e a Sul-Americana. Desde moleque, tenho vontade de conhecer aquele que foi o principal palco da primeira Copa do Mundo disputada em 1930 no Uruguai, país que também garantiu o primeiro título de campeão mundial de seleções.
Em 2017, tive a oportunidade de conhecer o estádio, do lado de fora, em visita ao Uruguai. Faltou bola rolando. Na passagem pelo país vizinho, tive a chance, inclusive, de acompanhar uma partida do Botafogo pela Libertadores da América.
Na ocasião, o Glorioso venceu o Nacional do Uruguai por 1 a 0, fora de casa, com gol do meia João Paulo, pela partida de ida das oitavas de finais da competição daquele ano. O confronto decisivo, todavia, foi disputado no estádio Parque Central, em Montevidéu.
Tenho lembranças bastante distintas dessa partida. É bacana acompanhar um jogo decisivo sem ser, de fato, torcedor de alguma das equipes que estão em campo. Ver a emoção de outros apaixonados pelo futebol, assim, bem de perto, não deixa de ser uma experiência antropológica. É sempre um aprendizado.
Dois fatores extracampo me marcaram mais do que a partida em si, porém. O primeiro deles foi o frio, que, misturado com uma chuva intensa e persistente, torturou todos os presentes no estádio naquele dia. Um gelo.
Mas o fato mais curioso foi no caminho até o estádio. Em uma van lotada de botafoguenses, me disfarcei com uma camisa do Tupi abaixo do necessário casaco de frio. Disfarce bem funcional, ressalte-se.
Enquanto os demais passageiros conversavam sobre a boa fase do Botafogo naquela Libertadores, eu tergiversava. De repente, escuto um dos botafoguenses fazer um comentário bastante familiar. “Essa cidade tem muita praça. Todas parecem o Parque Halfeld!”. Sim, tinham vários juiz-foranos na van botafoguense que se dirigia ao estádio. Se JF é um ovo, a América do Sul é uma omelete.
Bom, contei toda essa história para destacar que sou um dos poucos que gostam deste modelo adotado a partir de 2019 final única dos torneios continentais. Sei que é bacana o confronto de ida e volta e tudo que envolve essa semana decisiva. Todavia, o jogo único garante a possibilidade de um maior planejamento para fazer viagens que tendem ser daquelas marcantes.
Inclusive, já tirei a ideia do papel em 2019, quando sonhava em assistir ao meu Corinthians na final da Sul-Americana. Acabei acompanhando um confronto entre Colón, da Argentina, e Independiente del Valle, do Equador, no Estádio General Pablo Rojas, em Assunção, no Paraguai. Mas isso é história para outro dia.
A verdade é que planejar uma viagem dessas era o que eu mais queria fazer em um momento como este. Quem sabe programar o sonho de conhecer o Estádio Centenário de Montevidéu? Com uma vacinação em massa ainda de pouca abrangência no Brasil, contudo, estes planos seguem como um sonho distante.