Do último teste da Seleção Brasileira, me restou uma impressão ruim. Ok, era só um amistoso contra Honduras. Mesmo a vitória sem sal, por 1 a 0, não é motivo para veredictos catastróficos. O Brasil tem feito bons jogos com o Dunga, e o resultado é a menor das surpresas. O que me impressionou foi a imaturidade do Neymar, nosso grande craque, para lidar com as críticas.
Que fique claro: quem paga R$ 350 em um ingresso tem direito de vaiar. Até quem paga R$ 2,50 na meia-entrada de um jogo de bairro pode exercer seu direito ao assobio raivoso. O que não pode é o jovem craque, destaque do Barcelona, fazer bico quando a torcida acha que não viu algo que tenha valido a noite de quarta e a cara de sono da quinta.
“Mete o pé, vamos embora”, disse Neymar Jr. aos colegas de elenco, quando estes saudavam o público. Será que os anos como protagonista não lhe deram capacidade de lidar com as críticas? Só os elogios merecem valor? Na cabeça do Neymar, a vergonha na Copa do Mundo é passado. Mas quem chorou pela goleada, ganhou motivo extra para vaiar. Seja no Mundial ou no amistoso contra Honduras.
Contrastando com Neymar, a manhã de ontem trouxe outro personagem: Rodrigo Amaral, atacante do sub-20 uruguaio, perdeu o pênalti que eliminou a Celeste do Mundial. Antes de mandar a bola na estratosfera, o jovem de 18 anos tinha um semblante de medo que mostrava exatamente o que aconteceria minutos depois. Aos 18 anos, Neymar era campeão da Copa do Brasil. Um ano depois, Renê Simões decretava: “estamos criando um monstro”. Que a decepção e as críticas façam Amaral crescer. Que nosso craque volte ao mundo real.
*Renato Salles volta a escrever neste espaço em julho