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Duas doses ou dois gols

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Amanhã, dia 13, vai completar exatamente um ano em que não saio de casa para fazer aquela social. Um ano sem um papo com os amigos no boteco. Sem uma confraternização, de fato, em espaço público. Dá um aperto no peito pensar que enfrentamos essa barra por 12 meses e parecemos ainda tão distantes de chegar a uma quadra confortável da história. Aperta mais, porém, a curva ascendente de mortes que parecem normalizadas de ocorrerem em tamanha proporção. Uma. Dez. Cem. Mil. Dois mil óbitos diários e o ápice nunca chega.

Em meio a esse cenário distópico, em que a negação da realidade nos expõe a uma realidade ainda mais cruel, sempre e cada vez mais, toda quinta-feira me bate um certo banzo. Toca fundo aquela saudade de uma terra em que, ora arrasada, não posso mais colocar meus pés ao chão. Não agora. Não sei bem a razão da melancolia das quintas – ou de quinta. Deve ser o tal #tbt. Ou do fato de que, no mundo normal, este fosse o meu dia preferido para dois dedos de prosa no boteco e de espuma no caneco.

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Nesse meu flerte semanal com as reminiscências, enquanto revira fotos velhas para cumprir a etiqueta boba das redes sociais, passei correndo por imagens de meu time de futebol da infância, da faculdade e de outras de peladas da vida. Cara, bateu uma saudade real e oficial de juntar os amigos, bater par ou ímpar, colocar meia dúzia de cada lado e deixar a bola rolar solta.

Desde que me lembro por gente miúda, moleque lá em Santa Terezinha, vivia literalmente na rotina rua-escola-rua e tinha futebol nas três pernas da viagem diária, inclusive, no intervalo das aulas. Poucas coisas na minha vida foram tão permanentes quanto a boa e velha pelada. No bojo das minhas saudades de quinta, só por hoje, essa é a lembrança que dói mais na parece da minha memória. De público, deixo combinado com os amigos, muito em breve, serão duas doses de vacinas; dez minutos ou dois gols.

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