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A Champions do Carleto

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A festa das frases fora de contexto são cotidianas no Brasil, seja nas manchetes jornalísticas ou nos compartilhamentos “facebookianos”. Vale tudo a troco do maior número de “likes” possíveis. A vítima da vez foi o lateral Thiago Carleto. Campeão da Taça Guanabara pelo Botafogo, o jogador disse que a conquista da última quarta-feira era “como se fosse uma Champions League”. Solta, assim, a assertiva realmente se assemelha a uma piada pronta. Comparar o primeiro lugar da fase de classificação do Carioca com a principal competição europeia pode parecer um pouco demais.

Pode, mas não é. Não quando vamos além da frase solta e, em um exercício de interpretação, entramos no contexto da fala de Carleto. Mais do que o lugar-comum do “fizemos o que o professor mandou e atingimos o nosso objetivo”, o lateral apostou em uma figura de linguagem para destacar a importância desse título, por menor que realmente seja, para um grupo desacreditado e castigado pela mídia, por torcedores adversários e, até mesmo, por botafoguenses.

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Assim como um velho moleton tem valores distintos para aquele dorme sob um teto e aquele que dorme sob uma marquise, as vitórias – esportivas ou não – têm a dimensão do universo particular de cada indivíduo. A Taça Guanabara não é a Champions League. Carleto sabe bem disso. Parece saber também como valorizar suas conquistas de acordo com suas limitações, ao contrário do torcedor comum, que insiste em menosprezar os triunfos alheios, deixando claro que não aprendeu patavinas com a derrota e os sete gols da Alemanha.

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