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‘Rodrigueanamente’ ululante

(Foto: Divulgação/América-MG)

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Lisca veio com seu América até Juiz de Fora na última quarta-feira. Viu o time bater o Athletic, de São João Del-Rei, por 1 a 0. Gol do atacante Rodolfo José. A equipe do “doido” bateu a de Loco Abreu. Somou mais três pontos na tábua de classificação do Campeonato Mineiro, garantindo os 100% de aproveitamento em dois jogos, a liderança do torneio estadual e a boa fase do treinador que foi um dos principais responsáveis pelo acesso do Coelho à Série A do Brasileirão em 2021.

Mas não foi por isso que Lisca chamou a atenção nesta quarta. O técnico ganhou espaço nas manchetes por falar algo que é óbvio, mas ignorado por muitos. A pandemia vive um momento sem precedentes, com recordes de mortes e com a rede hospitalar de vários locais do país à beira de um colapso. Nesse cenário caótico, muita coisa se torna supérflua. Inclusive, o futebol.

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“É quase inacreditável que saiu uma tabela da Copa do Brasil hoje (quarta-feira), com jogos nos dias 10 e 17, com 80 clubes, e que vamos levar jogadores e delegação com 30 pessoas de um lado para outro do país”, disse Lisca. Concordo e muito com o treinador. Vou um pouquinho além, não é “quase”, mas, sim, inacreditável.

Como fez Lisca, é preciso que quem consiga enxergar o óbvio – sempre “rodrigueanamente” ululante – saia da inércia e aponte o absurdo de certas coisas. Foi o que fez a Chapecoense, que decidiu não entrar em campo na quarta-feira pelo Campeonato Catarinense.

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O posicionamento do clube, que conhece como nenhum outro o significado da palavra tragédia, mostra o quão perigoso pode ser um colapso do sistema hospitalar. “Em caso de qualquer emergência médica durante o período do jogo, nenhum atendimento poderá ser assegurado.”

É com isso, com a possibilidade de desassistência generalizada, que estamos flertando ao ignorar o óbvio. Um choque de cabeça entre jogadores, um tombo em casa ou uma apendicite pode virar uma tragédia pessoal se não atendida de imediato, o que, somado a outras situações, podem agravar nosso flagelo coletivo que já chorou 260 mil brasileiros mortos.

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Para tentar chamar os desavisados à dura realidade, fecho com o Lisca, que de doido não tem nada: “Não tem lugar nos hospitais. Eu tô perdendo amigos, tô perdendo amigos treinadores. É hora de priorizar vidas.”

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