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Reféns

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Lembro quando Ganso e Neymar surgiram no Santos. Os “meninos” da Vila pareciam um bálsamo em meio a mesmice do futebol brasileiro. À época dos primeiros títulos, em 2010, dez em cada dez brasileiros defendiam os jovens na Seleção de Dunga que disputaria a Copa da África do Sul. A dupla acabou de fora. O Brasil também, após a derrota para a Holanda. Nove anos depois, como profissionais, Neymar e Ganso seguem sendo “meninos”.
Hoje, a crítica não vai para o “primo rico” da dupla, mas para Ganso. Lá, em 2010, eu via mais potencial futebolístico no “primo pobre”. Ledo engano. Hoje, o jogador é a personificação do futebol brasileiro atual: até tem talento, mas não consegue, de fato, desenvolver tal potencial na prática. Não é nem sombra do atleta que poderia ser, mas parece manter a petulância em dia.

Petulância demonstrada já no Campeonato Paulista de 2010. Na ocasião, Ganso se recusou a ser substituído na decisão contra o Santo André, quando Dorival Júnior, então técnico santista, tentava recompor a marcação da equipe. O Peixe acabou campeão, com boa atuação do armador, o que levou parte da crítica a elogiar a rebeldia de Ganso. Na contramão, lembro de questionar a insubordinação do atleta e o desrespeito aos companheiros.
Se, nove anos depois, Ganso não é o mesmo tecnicamente, a insubordinação é similar. Recentemente, o meia bateu boca com Oswaldo de Oliveira, agora ex-técnico do Fluminense. “Eu gritei para ele ‘volta, volta, volta’ e ele me ofendeu'”, contou o treinador nesta quinta-feira. Diante da insubordinação, Oswaldo sacou o jogador e foi xingado de burro pelo mesmo. Menos de uma semana depois, o armador ostentava a braçadeira de capitão no jogo do último domingo, quando o Flu venceu o Grêmio. Oswaldo já havia sido demitido.

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A passada de mão na cabeça do jogador diz muito sobre seu próprio comportamento; sobre a situação do Fluminense próximo à zona de degola; do Brasileirão e do futebol brasileiro, refém das excentricidades de atletas pouco comprometidos como “ronaldinhos gaúchos”, “robinhos”, “neymares” e até de “primos pobres” como “gansos”.

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