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Obrigado, Januário!

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Os mais jovens talvez não conheçam, mas na última segunda-feira, dia 31 de maio, o Brasil perdeu um dos ícones do jornalismo esportivo na década de 1990. A morte do ex-locutor de rádio e televisão, Januário de Oliveira, foi mais um acontecimento triste em meio a um momento de frustrações diversas. O fato é que, ao mesmo tempo em que me levou a justas lamentações, a notícia também trouxe boas lembranças de um período marcante na minha formação como pessoa e como apaixonado pelo futebol.

Ao contrário do que acontece atualmente, não era tarefa fácil acompanhar as transmissões de futebol como acontece hoje. Longe disso. TV a cabo era coisa de bacana. Campeã de audiência, nem sempre a TV Globo transmitia as partidas, enquanto os demais canais pegavam chuviscos. Pay per view era um estrangeirismo que ainda não havia desembarcado na terra descoberta por Cabral, no início dos anos 1990.

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Para o garoto fã do futebol, àquela época, ao menos na minha bolha lá em Santa Terezinha, duas coisas eram obrigatórias: a leitura semanal da revista Placar e diária do Jornal dos Sports – aquele da capa rosa -, ao menos das capas; e o olho constante na tela das transmissões da Band, que ainda era a “TV Bandeirantes, o Canal do Esporte”.

Era isso que tínhamos e só isso bastava para alimentar a magia e a paixão pelo esporte. É parte indelével do meu imaginário e da minha formação, como pessoa e torcedor, as transmissões dos campeonatos Paulista e Italiano, aos fins de semana, na voz do incomparável Silvio Luiz; e do Campeonato Carioca, nas noites de segunda, com o “sinistro” Januário de Oliveira.

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Via de regra, não me considero um cara saudosista. Pelo contrário. Muitas vezes bato boca com alguns amigos, que, invariavelmente, recorrem ao passado como algo necessariamente melhor que o presente. “O novo sempre vem”, como dizia Belchior, é meu argumento recorrente nestes debates.

Mas o fato é que, na memória daquele garoto que jogava bola de pés descalços, morro acima e morro abaixo, Januário estará sempre entre os mais marcantes. No bastião das mais memoráveis da minha geração, sua voz era sempre emulada, mesmo que de maneira claudicante, para embalar muitas jogadas nas peladas da minha infância, ao som do bordão “cruel, muito cruel!”

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Obrigado, Januário, por fazer parte do único pedaço da minha vida em que sonhava em ser jogador de futebol e era feliz o tempo todo.

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