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Casos do Futebol

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No primeiro buzinar do trem, que trilha no coração da sua comunidade, o Sr. Geraldo levantou para coar seu café, hábito que é da sua senhora, mas, naquele dia, ele queria fazer como o seu avô, que o levava para ver o time do seu bairro em suas disputas pela cidade, no século passado. A companhia do dia para a partida no estádio era o neto do meio, que torce para outro time local, mas, como gosta de futebol e mais ainda do vô Geraldo, iria torcer junto pela tradição da família.

Arisco como os galos do quintal da sua vó Maria, logo cedo o neto já estava pronto na cozinha. Após alguns bolinhos de chuva e o café amargo do vô Geraldo, a dupla saía ladeando o rio da cidade até o centro, trocando prosas e lorotas, o avô contando as traquinagens da infância para o neto, que já sabia algumas histórias de cor, mas repetia as mesmas gargalhadas de sempre. Após pegarem o ônibus para a cidade alta e algumas reclamadas do vovô com o menino que não largava o celular, enfim chegaram ao estádio.

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O neto, que não tinha o hábito de ler notícias nos jornais locais, e o vô Geraldo, que parou de escutar o seu rádio desde o tempo em que seu radialista preferido morreu, que por coincidência dava o nome ao estádio e sempre lembrava isso ao seu neto, ficaram estupefatos com a notícia. O jogo hoje seria com os portões fechados, sem torcida, um tal de laudo quis assim, ou não quis assim. Após a perplexidade e a cara de decepção do neto, Sr. Geraldo ainda saiu com a sua: “Meu guri, um dia você vai contar essa história inacreditável para os seus netos.” E caíram na gargalhada de uma história nada engraçada, mas muito familiar, até o Sr. Geraldo cair na realidade e soltar a sua razão: “Um desrespeito ao clube, um desrespeito à nossa torcida.”

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