Sabe aquela sensação de alegria que a emoção transborda, como receber a prova do professor com uma nota à lá camisa do Pelé, ou o primeiro gole do copo da sua cerveja artesanal depois do trabalho, ou o primeiro beijo no amor tão desejado, quando não passa por sua cabeça outra coisa a não ser sair pulando, dar um soco no ar e “correr para a galera” ? Se cria, segura sua onda, você pode levar um amarelo.
No último final de semana, o felizardo da vez foi Fernandinho, atacante do Grêmio. O veloz jogador entrou na partida aos 27 do segundo tempo, aos 30 fez o quarto gol e aos 38 fez toda jogada que o zagueiro colorado Réver guardou contra o próprio patrimônio. Era só o 5 a 0 contra o seu maior rival, coisa de GreNal, resultados que acontecem de 20 em 20 anos, partidas que viram estampas de camisas, as capas de jornal do dia seguinte viram quadros. Impossível, quem não correria para o abraço da sua torcida? O Forrest Gump gremista correu e, com o mesmo amarelo que os volantes Edinho – do rival – e Newton – do seu time – levaram por faltas duras, ele foi punido.
Longe de culpar o juiz do jogo, foi da CBF a orientação para que a arbitragem desse o cartão para quem subisse na escada – ou rampa – para comemorar os gols. Pela entidade a atitude é considerada antidesportiva, a ação é passível para o amarelo. Alegam que o jogador coloca em risco a sua própria segurança e a dos torcedores. Faz sentido a cautela, ainda mais com a liberdade que as massas têm nas novas arenas, mas a reação amarelada é muito severa, justo no instante em que a emoção se sobrepõe à razão, o momento ápice do futebol, o gol. Deixem o Seu Boneco ir para a galera, não acabem com a alegria do futebol.