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Alegria na terra

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Um campinho menor do que uma grande área. Tênis, chinelos e pé descalços desfilavam num gramado não existente, mas para o Gabriel parecia o Maracanã lotado. A lisura do garotinho de 8 anos que gingava contra os adversários, desníveis, poeiras e cascalhos também me fez acreditar que estava no “Maior do Mundo”. Mas os altos e baixos, as caídas e levantadas e as bolas buscadas nas ruas daquele miniterrão, do Bairro Vale Verde, mostrou a realidade e a possibilidade que aquelas crianças do projeto “Fotofut” têm de praticar – ou pelo menos improvisar – o esporte do país.

Franzino e veloz, o menino que mora ao lado do campo corre com felicidade para avisar sobre a reportagem à irmã, como foge da marcação dos amigos, com ousadia ao pular o meio-fio, como faz dentro das imaginárias quatro linhas do seu campinho. Foi essa agilidade e alegria nas pernas que lhe deram o composto de Negueba. Quando perguntado sobre o apelido, ele deu a tradicional suspirada, comum entre os seus ídolos, para pensar na sua resposta. Ali o garotinho já driblava o companheiro de reportagem Gustavo Penna, o menino de 8 ia à experiência dos 80 numa fração de segundo.

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Desafiado a três cobranças de pênaltis, o menino não refugou, foi lá ajeitar com carinho a sua amiga bola sobre aquele solo judiado. A primeira ele acertou, no canto esquerdo do goleiro, numa potência superior ao tamanho das suas pernas, mas inferior à vontade de um dia ver sua mãe torcendo por seu futebol em frente à televisão. A segunda errou, quase acertando as minhas lentes, o que não o constrangeu para partir para a próxima. A terceira, num gesto de humildade e de desculpa por quase ter me acertado na cobrança anterior, bateu de cavadinha no outro canto. Superou, tentou de novo, enganou o goleiro, driblou o fotógrafo, levantou a poeira e correu para o abraço. Obrigado, Neguebinha!

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