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Serra da Canastra, ecoturismo e gastronomia mineira

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A Tribuna de Minas apresenta uma série de reportagens pelas montanhas, rios e cachoeiras de Minas Gerais, em busca dos ouros gastronômicos do nosso estado. A gastronomia mineira, que sempre foi admirada dentro do Brasil, atravessou fronteiras e conquistou prêmios em outros territórios também cheios de glória e sabor. Nossos objetivos são desbravar territórios para além das curvas das estradas, revelar “modos de fazer”, falar sobre particularidades, ouvir histórias e contá-las novamente, além de mostrar toda a mineiridade que torna nosso povo o mais acolhedor do mundo.

Vista da Serra da Canastra – Fotos: Claudia Figueiredo

A primeira parada é na Serra da Canastra, no Sudoeste do estado, uma região onde a cafeicultura ainda é o principal produto agrícola, mas que tem ficado em voga por conta dos queijos artesanais feitos com leite cru vencedores de concursos no Brasil e no exterior. E foram esses queijos que atraíram nossa curiosidade. Em 2015, um deles havia conquistado a medalha de prata em um concurso na França. Em 2017, foram 11 queijos mineiros, de variadas regiões, inclusive da Canastra, que trouxeram medalha pra casa. Mas, esta prosa de queijo vai ser matéria especial de uma edição mais adiante.

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A primeira temporada do Pé na Estrada você poderá conferir todos os sábado nas versões impressa e on-line (incluindo vídeos) até meados de novembro. Serão quatro edições sobre a Canastra, e outras sobre Andrelândia / São Vicente; Airuoca / Baependi; Tiradentes e arredores, além de Lima Duarte / Ibitipoca.

Viaje conosco

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MG – 050

Partimos rumo à Serra da Canastra numa manhã de inverno, quando os ventos sopram frio e o céu é azul. De Juiz de Fora, seguimos pela BR-040 até Barbacena, onde pegamos a saída para São João Del Rey e seguimos pela BR-265 até Lavras. Em Lavras, pegamos a Rodovia Fernão Dias (BR-381), sentido Belo Horizonte, até a entrada de Formiga. De Formiga a Piumhi, trafegamos pela MG-050. Depois de Piumhi, chegamos a São Roque de Minas, nosso destino final. Levamos mais de 8 horas de viagem, incluindo uma parada para o pão de queijo da BR-040, em Barbacena, e um delicioso almoço à beira do fogão de lenha, na MG-050, entre Formiga e Piumhi, pelo módico preço fixo de R$ 19,90, alertado em outdoors pela estrada.

Para quem sai de Belo Horizonte é só transitar pela MG-050 até Formiga e seguir para Piumhi, de onde é fácil chegar até São Roque de Minas ou Capitólio, um destino turístico mais badalado por conta do Lago de Furnas.

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Serra da Canastra

A região ecoturística da Serra da Canastra abrange seis municípios: São Roque de Minas (onde ficamos hospedados); Vargem Bonita (cortada pelas primeiras águas do Rio São Francisco), Delfinópolis (com represa para esporte náuticos e pesca), Sacramento (onde fica a maior gruta de arenito das Américas, a Gruta dos Palhares), São João Batista do Glória (cujas inúmeras cachoeiras e paredões formam o Paraíso Perdido) e Capitólio (onde está instalada a Represa de Furnas).

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A natureza exuberante da Serra da Canastra possui algumas das mais deslumbrantes e desconhecidas paisagens do Brasil. Durante muito tempo, esteve isolada por precárias estradas de terra e só há poucos anos entrou nos roteiros de viagem como lugar privilegiado para a prática de esportes radicais, vivência ambiental, turismo ecológico e referência na gastronomia. No entanto, para visitar as inúmeras cachoeiras que pendem dos paredões e chegar até as fazendas dos produtores do queijo canastra, o carro sofre um pouco. A melhor pedida é trafegar em um carro off road.

Chapadão do Parque da Serra da Canastra

O clima na Canastra é tropical de altitude, com temperatura beirando os 30º no verão e chuvas frequentes, e inverno seco, com céu sem nuvens durante o dia e noites frias, podendo a temperatura baixar dos 10º.

A região toda tem mais de 200 mil hectares e sua maior atração é o Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972, para proteger as nascentes do Rio São Francisco. Dentro do parque, estão alguns dos mais belos cartões postais do Brasil, como a cachoeira Casca D’Anta, de quase 200 metros, a primeira grande queda do “Velho Chico”.

Vargem Bonita

Imagem de São Francisco em Vargem Bonita, primeiro município banhado pelas águas do Velho Chico

Vargem Bonita é a primeira cidade a ser banhada pelas águas do Rio São Francisco. No período das chuvas, o leito forma várias corredeiras de águas cristalinas e praias em suas margens, convidando para o banho. Até à cidade, a estrada é asfaltada, mas, a partir dela, até a primeira queda do Rio São Francisco, conhecida como Cachoeira de Casca D´Anta (com queda livre de 180m), percorre-se um bom trecho de chão batido. O principal acesso de carro é feito pelo Distrito de São José do Barreiro.

Como a cachoeira fica dentro do Parque Nacional da Canastra, com entrada pela portaria 4, é necessário ficar atento ao horário de visitação: de 8h às 18h, porém, só é permitido entrar no parque até as 16h. E embora, haja banheiros, quiosque e churrasqueiras, não é permitido acampar e, para entrar, paga-se uma taxa. Em julho, o valor era de R$10 por pessoa.

Os mais aventureiros e bem preparados podem optar por seguir por uma trilha da parte baixa para a parte alta da cachoeira, ou vice-versa. A orientação da direção do parque é que o turista reserve pelo menos 5 horas com luz solar para essa caminhada, e use calçado confortável, fechado e com solado antiderrapante. Dentro do parque não são permitidos entrada e consumo de bebidas alcoólicas, equipamentos coletivos de som, entrada de animais domésticos, prática de esportes radicais, além de outras medidas de segurança.

Recomendamos dois restaurantes na beira da estrada de chão: Pesque Pague Garça Branca, em Vargem Bonita; e Cozinha Original, em São José do Barreiro. Paga-se um preço fixo (R$ 35, em julho), come-se direto do fogão à lenha e ganha-se uma linda vista para o paredão da Canastra.

Estrada para a Cachoeira Casca D´Anta
Estrada entre São Roque de Minas e Vargem Bonita

O artesanato da região também é um atrativo muito procurado e é encontrado em uma simpática loja no centro da cidade, chamada Baú das Lendas.

Cachoeira Casca D´Anta, primeira queda do Rio São Francisco

Delfinópolis

Localizado entre a Represa de Peixoto e a Serra da Canastra, o município de Delfinópolis convida para esportes náuticos e pesca na represa do Rio Grande (Peixoto). Com diversos vales, chapadões, serras, mais de 100 cachoeiras, o turista é bem recebido no centro de informações localizado no portal da principal via de acesso à cidade (Rodovia do Porto).

Além de maravilhosos pães de queijo Canastra (lógico!), os esportes de aventura são grandes atrativos da cidade. Turistas encontram condições ideais para a prática de trekking, canoagem, trilhas off road, rapel, escalada, mountain bike e ciclo turismo. A natureza brilha sozinha na Canastra.

Pão de Queijo Canastra

Alguns locais são bem famosos entre os visitantes. Formado por grandes formações rochosas esculpidas pelos ventos e com vegetação de cerrado, o Condomínio de Pedra, no alto da Serra Preta, é um dos mais bonitos de Delfinópolis. Há dois campings no local, porém, com estruturas bem precárias e acesso muito ruim.

As Cachoeiras do Paraíso são um complexo com estrutura de apoio, que têm como principal atrativo as sete cachoeiras que se formam no leito do Ribeirão Paraíso. O local fica em área particular onde funciona um restaurante e uma pousada e é cobrada taxa de visitação.

Sacramento

O município de Sacramento está localizado mais perto da microrregião de Araxá, já bem próximo da fronteira com o Triângulo Mineiro. A economia do local se baseia na pecuária e na agricultura, especialmente o café, exportado para vários países.

Descoberta na metade do século 19, a Gruta dos Palhares, distante 12 km do Centro da cidade, é considerada a maior caverna de arenito das Américas. Ela tem uma profundidade explorada de aproximadamente 450 metros que, por questão de segurança, só pode ser visitada ou estudada com autorização especial.

Uma das portarias do Parque da Serra da Canastra está a 60 km da cidade. Mais próximo da área urbana há outros atrativos naturais, como cachoeiras e o lago da Usina Hidrelétrica de Jaguará.

Típica estrada de chão entre as fazendas e cachoeiras da Serra da Canastra

São João Batista do Glória

Típica cidade do interior mineiro, São João Batista do Glória, ou simplesmente “o Glória”, como é conhecida na região, é muito tranquila, ideal para quem quer descansar e desbravar as riquezas naturais do lugar.

Petiscos com Torresmo de Porco

Embora um pouco distante do Parque Nacional da Serra da Canastra, a cidade possui muitos atrativos para quem busca contato com a natureza. Trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, riachos e lagoas são os principais atrativos. Visitar o Paraíso Perdido (acesso pela Rodovia MG-050, próximo ao km 315) que possui inúmeras cachoeiras com água cristalina, piscinas e pedras que formam tobogãs naturais, e o Complexo do Caminho do Céu, também com inúmeras quedas d´água, é passeio obrigatório.

De acordo com o Comtur, Conselho Municipal de Turismo, o município, localizado às margens do Rio Grande, tem pelo menos 130 cachoeiras. Algumas de fácil acesso e outras perfeitas para quem gosta de se aventurar por trilhas mais difíceis e praticar esportes radicais.

A região é montanhosa e possui vales e serras de beleza inigualável como o Chapadão da Babilônia e o Vale da Babilônia, de onde se pode desfrutar de um visual incrível e também da vizinha Serra da Canastra.

Das panelas quentes, saltam torresmos pururucados e o “porco na lata” de comer de joelhos. Oh! Glória.

Capitólio

Capitólio é a mais badalada cidade da Canastra por conta de seu principal atrativo, o Lago de Furnas, um dos maiores lagos artificiais do mundo, com 1.440km². Conhecida por muitos como o “Mar de Minas”, a cidade possui o maior número de embarcações (barcos e lanchas) do estado de Minas Gerais.

Os passeios no lago partem todos do mesmo local, na Ponte do Rio Turvo, na MG-050, Km 306. Há passeios de Chalana, de Catamarã, que duram cerca de 4 horas, e de lancha, com aproximadamente duas horas de duração. Fizemos opção pela lancha (R$ 70 por pessoa) e percorremos 5 pontos, entre paredões, cachoeiras (algumas pagas) e bares flutuantes nos quais são servidos petiscos, cervejas artesanais e a tradicional cachaça mineira. Os passeios saem às 10h, exceto as lanchas que têm outros horários durante o dia.

Capitólio, Ponte do Rio Turvo, na MG-050, Km 306, de onde partem as embarcações. Abaixo, os bares flutuantes

Lago de Furnas
Lago de Furnas
Lago de Furnas

Neste mesmo local de embarque, há opção de compra de passeios com carros 4X4, com guias turísticos, pelas trilhas da Canastra.

Outro local de visitação é o Mirante dos Cânions, a 30 km de Capitólio, em direção a São João Batista do Glória, depois da ponte do rio Turvo próximo ao Km 312.

Traíra recheada do Restaurante do Rio Turvo

Não deixe de experimentar a traíra desossada e recheada do Restaurante do Rio Turvo, bem em frente de onde partem as embarcações. A refeição é farta e é acompanhada de arroz grego, batata frita, molho de maionese e molho de pimenta à parte (bem forte). Uma porção serve duas pessoas tranquilamente e custa R$ 130.

São Roque de Minas

Portal de entrada de São Roque de Mnas

Plantada aos pés do Parque da Serra da Canastra, São Roque de Minas é a cidade que fica mais próxima de uma das entradas do chapadão. Em São Roque estão os queijos canastra mais premiados na França e a cultura gastronômica do queijo é bastante presente na cidade. Em toda casa tem um queijo sobre a tábua esperando ser cortado. Em todos os restaurantes, pizzarias e padarias o cardápio tem pratos com queijo canastra, até nos botequins e sorveterias. O município conta com boa estrutura para atender aos turistas, oferecendo boas opções de hospedagem e restaurantes, além de inúmeras cachoeiras maravilhosas.

Gado Serra da Canastra

O clima, a água cristalina, o rebanho bovino integrado também por raças europeias formam a condição especial para a produção do famoso Queijo Canastra. Esta história você confere no sábado que vem, dia 30.

Queijos de produtores da Canastra – APROCAN

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