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Passo a passo da caminhada

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Começo a escrever esta segunda coluna com o coração transbordando amor por todas as mensagens de carinho e incentivo que recebi ao longo da semana de leitores, amigos e familiares. Agradeço a todos pelas boas energias enviadas. Esse acolhimento à proposta só faz aumentar minha responsabilidade e desejo de embarcar neste desafio.

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Minha primeira reunião com o grupo de romeiros aconteceu no início do mês, quando foram repassadas todas as orientações sobre a Caminhada da Fé. Partiremos a pé no dia 17 de julho, mês escolhido pela coordenação do evento por ser período de férias, quando as escolas estarão liberadas para nos receber como hóspedes. Além disso, é uma época mais fria e com pouca incidência de chuva, o que favorece o esforço físico ao ar livre.

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A largada de Juiz de Fora será do pátio do Estádio Municipal, de onde seguiremos por 28km até o distrito de Torreões, local do nosso primeiro pouso.

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A expectativa é que o grupo ande, ao longo de todo o percurso de 300km, 4km por hora, totalizando, aproximadamente, 7 horas de caminhada por dia – sendo as saídas previstas para as 4h e chegadas às 11h.

O caminhão que irá transportar todas as bagagens e mantimentos seguirá sempre na frente para que o cozinheiro comece a preparar o almoço. A refeição só será servida quando o último caminhante chegar. Já uma camionete seguirá junto aos romeiros, fazendo paradas a cada 4km para fornecer frutas e água. O veículo ainda poderá ser utilizado para quem se machucar ou não estiver se sentindo bem e não puder prosseguir o trajeto a pé. Aliás, o desafio ao próprio limite físico foi um ponto destacado na reunião, cada um de nós deve ter consciência para entender a hora de parar e não comprometer o grupo.

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Os novatos receberam dicas dos mais experientes, entre elas, praticar o desapego. Serão quase cem romeiros, entre homens e mulheres, que, muito além de caminhar juntos, vão dividir abrigos, banheiros e refeições por dez dias. Conforto será só em casa! Iremos dormir em colchões dispostos no chão de ginásios, escolas, associações de moradores e casas paroquiais. Banheiros serão poucos. Por isso, o banho deve ser rápido, e a água, mais fria, para que todos possam fazer uso.

A bagagem consiste em uma mala de mão contendo apenas o necessário e um colchão de solteiro enrolado a uma coberta. A toalha de banho deve ser de pano de fralda, que seca rápido e ocupa pouco espaço.

Bolhas no pé são comuns. Por isso, a dica é passar pasta de vaselina, calçar duas meias e nunca usar um tênis novo. O calçado para a caminhada deve ser amaciado bem antes da partida. Ainda podem ocorrer assaduras na virilha e debaixo dos braços. Também para estes casos, os experientes recomendam o uso de vaselina.

Mais da metade da viagem será feita por estrada de terra. Apenas os três últimos dias – 97km – serão percorridos pela Via Dutra. Essa, segundo os companheiros mais experientes, é a parte mais difícil. Além do desgaste físico, teremos que redobrar nossa atenção para caminhar no acostamento da rodovia, em meio ao barulho e à poluição dos veículos.

Após as orientações, um dos presentes pede a compreensão do grupo e avisa que, desta vez, é possível que necessite seguir alguns trechos do percurso no carro. Recém-operado do intestino, ele já está liberado pelo médico, mas precisa evitar os locais escorregadios para que não leve um tombo. “Nas cinco caminhadas que já fui, não andei nem um metro de carro, sempre a pé”, me conta o meu mais novo colega, Sebastião Vicente Albertino, de 74 anos. “Fácil não é, mas não deixo de ir jamais.” Saio da reunião ciente de que esta viagem será um aprendizado e tanto!

P.S. Semana que vem vou contar como estou me preparando para caminhar ao lado dos romeiros o máximo de tempo possível. Até lá!

Eu e seu Sebastião, presença constante em todas as edições da Caminhada da Fé

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