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Corra e olhe para o céu

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Um dos pequenos prazeres que têm me ocorrido durante a pandemia é ter a oportunidade de observar o céu mais vezes e com mais calma. Logo de manhã abro a janela com cuidado, para não fazer muito barulho e tento adivinhar como a grande tela que recobre tudo vai se comportar ao longo do dia. Tenho gostado especialmente dos dias de outono – sol sem exagero durante o dia, noites com temperaturas mais amenas.

A superlua foi um dos eventos notáveis da semana. Imponente, ela subiu rapidamente em sua trajetória, deixando-me de queixo caído de tão bela. Não foi possível assistir ao eclipse daqui, mas tenho na memória o último que admirei de um arranha-céu, em julho de 2018. Ela foi nomeada “Lua de Sangue” pelo tom avermelhado. Antes de ser encoberta, ofereceu um belo espetáculo. Essas ocorrências não são novas ou raras, mas impressionam quando ocorrem.

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Todo dia observo bem as cores que pintam o céu no pôr do sol, formando degradês perfeitos, irretocáveis, com cartela que varia diariamente, impedindo que a vista seja monótona. Tenho no meu círculo de amizades pessoas que se sentem um pouco angustiadas com a transição entre um turno e outro. Diferente de mim, evitam as janelas para que não percebam a passagem, afastando esses sentimentos. Entendo o que as faz sentir desta forma. Assim como sei que há muitas pessoas que se sentem motivadas ao ver o nascer do sol, que pode transmitir uma ideia de recomeço, de novidade.

Nós atribuímos significados aos movimentos dos astros. Minha tia só corta o cabelo na lua cheia e diz que ela nunca falha. O ditado diz: “cerração baixa, sol que racha”, avisa que precisamos estar sempre preparados para tudo o que vier depois disso.

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As noites estreladas de inverno estão a caminho. Pouco a pouco, a manta deixa de ser suficiente para dar conta da temperatura noturna, exige uma coberta mais pesada. É o momento de nos preocuparmos ainda mais com as pessoas que enfrentam situações de vulnerabilidade.

Falta alimento, falta calor, sobram faltas, ainda mais em um momento em que a desigualdade se alarga de forma notável. É hora de pararmos para pensar que, debaixo do mesmo céu que admiramos, há quem esteja preocupado com a própria sobrevivência e, se tivermos condições de fazer algo a respeito, é preciso agir agora. Não devemos deixar de olhar para o alto, de sonhar, de admirar a vista do céu, mas também precisamos estar abertos a pensar com os pés bem firmes no chão e dispostos a perceber as necessidades das outras pessoas. Assim como a luz que vemos no alto em dia de lua cheia, que também estejamos dispostos a compartilhar luz ao nosso redor.

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