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Hora feliz

Foto: Marcelo Ribeiro/ Arquivo TM

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Tudo partiu de felizes coincidências. Eu e uma amiga da redação descemos de carona com outro amigo até o Centro. A noite era daquelas bem agradáveis: fresca e com céu aberto. Fomos pensando em que ponto do trajeto desceríamos. Itamar que me perdoe, mas no privado, teimo em chamar a Avenida de Independência. Paramos quase em frente ao Colégio Normal. Íamos andando juntos em direção ao ponto de ônibus, quando notamos que era dia de feira noturna. De onde estávamos, percebíamos que o ambiente estava cheio. No tempo presente em que a pergunta: ‘vamos marcar qualquer coisa?’ permeia os encontros, porém nem sempre se traduz em um compromisso com hora e local definido de fato, pareceu uma boa oportunidade. “Que tal um pastel de feira?”. “Vamos!”.

Estava preparado para fazer o que havíamos combinado. Pegar a fila do pastel, escolher um sabor, pagar, comer e ir embora. Mas felizmente, o que ninguém tinha me avisado é que a feira é um universo incrível a ser cuidadosamente olhado e sentido. As pessoas passeavam tranquilamente pelas barracas, se deixavam conversar sobre um assunto ou outro. Escolhiam os alimentos com calma. Há, como ocorre em qualquer outra feira, todo tipo de frutas, legumes e verduras, artigos como mel e queijo em exposição para venda. Além disso, também é possível encontrar artesanato, entre muitas outras outras opções.

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Mas o que impressiona, de fato, é o clima que se cria naquele momento em que a feira acontece, que eu acredito que culmine com a passagem de quem está voltando para casa, depois de um dia de trabalho. Nesse sentido, a feira tem, verdadeiramente, o ambiente propício para uma hora feliz, aqueles momentos de descontração que acontecem logo após o expediente. Muitas coisas ajudam a compor essa aura, como os aromas deliciosos que as chapas distribuem em vários pontos da Praça Antônio Carlos.

Uma barraca maior centraliza boa parte do movimento das pessoas que passam pela feira para viver esse momento de relaxamento antes de voltarem para casa. Lá testemunhamos conversas animadas, com grupos de pessoas sentadas em mesinhas. Algumas comem iguarias preparadas nas barracas, outros tomam satisfeitos suas cervejas. Pessoas de todas as idades, provavelmente, de todas as regiões da cidade e, posso dizer, inclusive, de várias classes sociais, dividem o mesmo espaço.

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Acabamos ficando mais tempo de que planejamos inicialmente. Ficamos tão envolvidos com todo o clima, que voltamos na semana seguinte, com outra amiga, para apresentá-la à feira noturna. Tomamos chuva, mas nem isso atrapalhou a experiência. Pelo contrário, a barraca em que ficam as mesas estava ainda mais animada. Depois disso, o plano se tornou visitar o espaço pelo menos uma vez ao mês, juntos. Firmar o compromisso de marcar e ter o encontro de verdade!

Ainda não conseguimos tornar as idas à feira um costume, da forma como gostaríamos inicialmente, mas saber que existe um lugar que permite uma experiência sensorial e de convivência tão interessante é formidável. Perceber que o espaço é acessível, aberto e plural também é algo a se destacar. E o mais interessante é ver como as pessoas se apropriam do evento e o ressignificam, tornando-o algo único. Frequento várias feiras, inclusive a de domingo, na Avenida Brasil, que é fantástica. Mas até então, aquela atmosfera de alegria e festa, após o expediente, segue exclusiva da feira noturna.

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