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O melhor Natal

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Toda vez que acendo o pisca-pisca, algumas imagens surgem na cabeça. Para quem gosta do Natal para além de todo apelo comercial que a data tem, esse clima que vai chegando no fim do ano é muito bem-vindo, especialmente, quando ele fecha um ano tão difícil quanto foi esse. Costumo nomear esse breve sentimento como nostalgia, mesmo sabendo que possa não ser exatamente o que gostaria de expressar.

Noé costumava deixar o carro dele, um Fiat Uno azul, aos cuidados do meu pai. São grandes amigos desde que me entendo por gente. Permanecem assim, o que é raro e bonito de ter como exemplo. Não deixo de achar curiosa e oportuna a coincidência do nome bíblico.

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Gostava muito das festas que ocorriam na casa do meu avô, que ficava encostadinho na mureta da varanda, enquanto esperava todos chegarem. Ninguém comia antes da meia-noite, manias sérias do Sr. Ribeiro. Essa construção festiva de Natal só começou a acontecer quando os primeiros primos começaram a nascer.

Aquele Natal, no entanto, foi diferente. Não teve festa, nem aquele encontro com tios, primos e os amigos da família. Não da maneira como estávamos acostumados. Foi melhor! Entramos no carro do Noé: meu pai, minha mãe, meu irmão, minha prima e eu. Demos uma volta pela cidade para vermos as casas que foram decoradas para o Natal. Na época, as ruas eram iluminadas pela Prefeitura. Todos os postes recebiam uma armação que tinham um efeito visual muito interessante. Observávamos as residências iluminadas pelas pequenas lâmpadas, os jardins cheios de pequenos e brilhantes enfeites, que se destacavam na noite escura no caminho.

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Entre os CDs que ficavam no porta-luvas do carro do Noé, escolhemos um do Kid Abelha, que foi a trilha da noite que foi feliz de verdade. Cantamos, rimos, lanchamos e voltamos para casa cheios de luz, já de madrugada. Aquela alegria indescritível, que acredito que mesmo que se quiséssemos, não conseguiríamos voltar a compor. Há atmosferas que ganham ainda mais beleza quando revisitamos com a memória. As casas pareciam mais bonitas, mais enfeitadas, tudo tinha um tom mais leve, mais divertido. Lamento que na época as câmeras fotográficas não fossem tão acessíveis quanto hoje, seria ótimo guardar uma imagem daquela noite, no entanto, a memória já basta.

Sou ruim de lembrar percursos, mas me recordo que paramos algumas vezes para admirar as decorações. Tudo foi muito singelo, mas é o tipo de coisa que ninguém tira de nós: aquilo que guardamos de mais significativo, que vale mais do que qualquer outra coisa.

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A cada Natal que passa, renovo a esperança de que o próximo tenha sempre aquela aura bonita de um encontro simples, de chamego reconfortante com aquelas cenas que eu nunca vou esquecer. Empenho-me em renovar esse espírito em cada pequena lâmpada que minhas mãos espalham sobre a arvorezinha surrada adquirida há mais de 20 anos, que para mim, segue no posto da ‘mais bonita de todo o mundo’. Faço questão absoluta de mudar um ou outro enfeite todo ano, porque também precisamos de novidade para manter as coisas em movimento. Mas o apreço por esse momento de partilha que construímos, é o que mantém todo o componente mágico da época.

 

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