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Está caro

Além do fator logístico para transporte dos itens altamente perecíveis, excesso de chuvas é outro fator que influência na alta dos preços (Foto: Marcelo Ribeiro)

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Uma maneira certeira de iniciar uma conversa em qualquer estabelecimento comercial, em especial, supermercados, quitandas, hortifrutis, farmácias, é dizer que o preço de algum artigo está muito alto. Não tem erro, porque o aumento dos preços em todos esses locais ultrapassa o absurdo há alguns anos. Seria possível demonstrar isso usando percentuais, taxas e outros índices, que baseassem com dados da realidade essa situação, porém quero me ater aos dados sensíveis da equação.

Na última semana, o gás de cozinha acabou em casa. Ligamos para a distribuidora de costume para que eles trouxessem outro para repor. Quando chegou trazendo o botijão, o funcionário avisou que o preço foi alterado para R$122 e que, possivelmente, aumentaria ainda mais nas próximas semanas. Na troca anterior, o valor foi R$98. Pagamos algo na casa dos R$78 há quatro ou cinco meses.

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Para quem não gosta de levar sustos, as prateleiras dos mercados se tornaram verdadeiros thrillers de terror. Os folhetos de ofertas parecem comédias de gosto duvidoso, os boletos vêm acompanhados pelo peso do suspense, que ameaçam frontalmente não só a saúde financeira, mas também a saúde mental dos brasileiros.

Gera uma frustração gigantesca ter que sair do caixa com meia dúzia de produtos e pagar uma conta de centenas de reais, completamente incompatível. As listas de compras ficam cada vez mais enxutas, os cardápios cada vez menos variados, geladeiras, armários e carteiras mais vazias.

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Cortes que doem na carne. A proteína de origem animal está impraticável. Quem pensa em correr para a feira e buscar nos vegetais alternativas, se surpreende ao ver que até o preço da banana também não é mais acessível. Isso porque os combustíveis ainda nem foram citados. Quem depende de gasolina, álcool e diesel provavelmente já estourou algum limite.

O chocolatinho para adoçar a vida precisou ser abandonado na gôndola. O iogurte, que tinha destaque nas prateleiras do refrigerador, deixou o espaço vazio. Tudo o que nos era caro, deixou de ser possível. A face mais triste desse quadro é a do trabalhador, que atravessa a desvalorização de seus esforços impactado por todas as crises que se sobrepõem, sem qualquer previsão de melhora a curto e médio prazo. Uma massa de pessoas que está deixando, gradativamente, de ter acesso ao mínimo.

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Tenho saudade de dizer que algo está baratinho e do sentimento de que posso levar o produto sem comprometer o orçamento doméstico. De assistir as propagandas que indicavam promoções que realmente valiam a pena. De ouvir conversas de pessoas animadas em planejar o menu dos próximos dias, com opções viáveis e gostosas. Ninguém suporta mais ter que aguentar tudo tão caro.

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