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Estante de Livros

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Não nasci com a habilidade de julgar livros por suas capas. Talvez por sempre ter frequentado sebos junto com minha mãe, que lia vorazmente todos os clássicos históricos e qualquer outro exemplar que parasse na mão dela, a aparência não fosse o critério mais importante para mim. Boa parte do que li até hoje foi apresentado por algum amigo ou conhecido. Fosse algo que alguém me dissesse que eu precisava ler, ou um autor que eu poderia gostar. Não fazia muita distinção, apenas mergulhava nas páginas, sem pensar muito a respeito.

Por meio de trocas e empréstimos, já tive em minhas mãos publicações surradas, amassadas, com marcas de café e até com páginas em falta. Outras eram edições especiais, algumas tinham a capa dura, brilhando de tão novas, com aquele cheiro de recém tirada da embalagem. Em todo caso, elas eram veículos de conteúdos essenciais. Alguns me tocaram para sempre, outros, acabei esquecendo com o tempo. No entanto, desde que fui alfabetizado, desisti de poucos livros.

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Na faculdade, uma professora me disse algo que levo para a vida. Cada livro tem um momento certo para ser lido. Pode ser que em determinada época não estejamos preparados para o que eles têm a ensinar. Em algum outro ponto da vida, talvez, eles podem conter exatamente a mensagem que precisamos receber.

Toda a vida eu carreguei a minha leitura atual comigo. Sempre há uma obra nas grandes mochilas que carrego nas costas. Se tenho oportunidade, pego a publicação e leio algumas páginas. Hábito que assimilei observando minha mãe. Me lembro bem de vê-la almoçar sem levantar os olhos das páginas que escorava com a borda do prato. Ela se entregava tanto às palavras, que muitas vezes nem percebia que estávamos por perto, ou que alguém tinha falado com ela.

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Dia desses uma amiga me pediu para escrever algumas palavras sobre meu livro favorito. Travei feio. Assim como jamais conseguiria responder qual é o meu filme preferido, ou a música mais bonita que já ouvi, não saberia dizer assim, de pronto, qual é o livro mais querido. Posso dizer que muitos tiveram uma importância fundamental. Outros me marcaram de alguma forma e seus títulos e autores seguem presentes na vida até hoje. Ela acabou sugerindo que falasse sobre um dos livros favoritos e tudo mudou de figura.

A estante onde guardo os livros que tenho é bem modesta. Mas também não invejo os móveis abarrotados de livros que passamos a ver nas entrevistas das TVs. Os livros nunca deixaram de chegar de uma forma ou de outra, isso é o que importa na verdade. Até porque, para mim, livro é algo que se deve compartilhar o máximo possível. O conhecimento precisa circular. Livro parado não faz as pessoas pensarem.

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Sei que fez toda a diferença ser incentivado desde pequeno a gostar da leitura. Se hoje as palavras são meu ganha-pão, agradeço à minha mãe que me apresentou as histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, do Seninha e até do Tio Patinhas, que eu tinha como ‘brinquedos’ dentro do cercadinho onde ficava quando bebê. Os livros e a educação são os melhores investimentos que podemos fazer, se quisermos um futuro diferente. Posso não ter aprendido a julgar uma história apenas pelo que sua capa pode apresentar. Mas se a minha própria história pode ensinar algo é a força transformadora que os livros têm.

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