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Desviando de golpes

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Uma amiga com quem não conversava há algum tempo puxou papo pelas redes sociais . Me perguntou sobre como eu estava, em função da pandemia, e também quis saber como estavam meus familiares. Respondi normalmente, como faria com qualquer pessoa. Até que a prosa enveredou por outros campos. Ela me disse que estava com uma dificuldade em sacar dinheiro por meio de um aplicativo. Me perguntou se eu tinha condições de emprestar uma quantia volumosa de dinheiro a ela e ela se comprometeu a me devolver o dinheiro no dia seguinte.

Quando ouvi o pedido, entendi que não conversava com a dona daquele número de telefone. Havia algo de errado. Acionei amigos em comum, para saber o que se passava. Precisei de uma ligação para confirmar que ela foi vítima de um golpe e teve o telefone clonado. Imediatamente, sem pensar duas vezes, bloqueei o número e dei um jeito de falar com ela por outros meios. Ela confirmou a situação, me disse que todas as medidas de segurança foram tomadas. Porém, não tem como recuperar o que ela perdeu por causa deste problema. Era um momento em que ela dependia muito do celular.

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No início dessa semana, um telefonema me tirou do estado de distração dos dias de folga que tirei. Uma voz desesperada do outro lado, que chamava sem parar pela mãe e pelo pai. Estava desconfiado de que boa coisa não era, porque, ao ouvir a campainha de chamada no telefone, o visor do aparelho me informou que se tratava de um número confidencial. Até me surpreendi, porque há muito tempo não via nada semelhante. Isso era costume no início dos anos 2000, quando ganhei meu primeiro celular, um Nokia 1100 indestrutível. Embora receba ligações de números bem estranhos, de estados como São Paulo e Goiás, nenhum deles oculta a sequência de algarismos que o identificam.

A intuição não falhou, era outro golpe, do falso sequestro. Quando os autores apelam para falas desesperadas, se você não estiver em um dia bom, acaba embarcando facilmente. Como não tenho filhos e meu irmão estava no trabalho na hora da ligação, percebi na hora do que se tratava e desliguei. É horrível saber que, do outro lado da linha, tem alguém disposto a te enganar deliberadamente.

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Estar exposto a esse tipo de ação tem dois efeitos muito ruins. O primeiro deles é a sensação amarga que provoca. Os gritos de socorro, por mais falsos que sejam, impressionam e nos deixam sobressaltados. Ficamos cismados com a possibilidade de os golpista também tentarem clonar o nosso aparelho. Adotamos as medidas de proteção disponíveis para evitar qualquer problemas e seguimos em diante.

O segundo efeito é o pior: a desconfiança que se instala depois de passar por uma situação dessas, que é uma reação natural. Não deixa, no entanto, de ser triste. Nessa semana, duas pessoas pediram meu número de telefone para fazer contato, por motivos diferentes. Numa das mensagens, com um tom fora do habitual, fiquei com o pé atrás. Não tem nada que me deixe mais desconfortável do que desconfiar das pessoas. Mas são tempos estranhos, que exigem cautela. Antes pecar pelo excesso de cuidado, do que passar por todo o transtorno que a minha amiga passou.

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