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Feliz Ano Velho

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O ano de 2017 ficará marcado para sempre na minha memória. Este foi um ano de aprendizagem para mim. Em todos os sentidos. Não tenho a menor dúvida em afirmar que foi o ano no qual eu mais chorei. Para começar, meu filho se perdeu durante uma viagem internacional. E os cinco minutos de busca por ele – tempo em que Diego ficou desaparecido em um parque de diversões na Flórida -, me fizeram pensar no medo de passar uma existência inteira sem ele. Aquela experiência foi ainda mais traumática, porque a questão da perda era o tema que eu agasalhava em segredo, há tempos, em função da realização do meu novo livro.

Há dois anos, eu vinha lidando, em silêncio, com o drama das famílias que perderam seus filhos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Por ter assinado uma cláusula de confidencialidade com a editora Intrínseca, eu não podia dividir essa história com mais ninguém. E, quanto mais eu mergulhava na dor de pessoas profundamente afetadas por aquele evento, mais eu tentava me colocar no lugar delas parar entender o significado de cada palavra dita, compartilhada, confiada a mim.

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E, todas as vezes que eu voltava para casa de mais uma viagem ao Sul, eu reencontrava o meu filho e pensava na saudade das mães que, fisicamente, não podiam mais tocar seus filhos. Preciso confessar que essa sensação me acompanha a cada toque do Diego, junto da frase que mais ouvi: “Eu não estava ao lado do meu filho na hora em que ele mais precisou de mim”. Consigo compreender esse sentimento, perfeitamente, porque todas as mães têm a ideia de que junto delas seus amores estarão seguros. No entanto, mesmo quando nós estamos ao lado de nossos filhos, muitas vezes, não conseguimos evitar que algo aconteça a eles, porque as trajetórias são individuais.

Chegar tão perto de um tsunami, como o desencadeado pelo incêndio na Kiss, me transformou por inteiro. Me fez ter ainda mais certeza do que realmente tem valor e do tipo de vida que quero continuar a viver. Por isso, chego ao final de 2017 profundamente agradecida pelo que experimentei e pelas lágrimas que derramei. Cada uma delas me ensinou muito. Este ano que se tornará passado daqui a poucas horas me trouxe lições que levarei comigo para o futuro, ou melhor, para o presente que começa a ser desenhado agora. Termino 2017 enriquecida por novos ensinamentos e pelo círculo precioso de amigos gaúchos que a literatura me trouxe. E, muito antes de o relógio marcar meia noite, tenho a certeza de que 2018 já nasceu dentro de mim.

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Feliz Ano Velho! Sem ele, não poderia acalentar todos os sonhos que trago dentro de mim para os próximos 365 dias.

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