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Brasilootopia: esse país é o Bicho!

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Essa semana, assisti com meu filho ao filme Zootopia que conta a história de uma cidade grande onde os animais que antes conviviam em harmonia passam a guerrear entre si após serem manipulados pela vice-prefeita, uma ovelha movida por interesse escusos que aproveita o caos para dominar. De frente para a telona, me lembrei de George Orwell e sua consagrada obra “A Revolução dos Bichos”, publicada há 71 anos, e que fala do desejo inato do bicho homem de liderar e tirar vantagens de sua liderança.

Saí do cinema com a certeza de que tinha assistido a um trecho da atual vida política brasileira. Se na cidade fictícia de Zootopia, o comportamento selvagem tornou-se uma ameaça, aqui também temos agido de maneira irracional. Não há espaço para reflexões, apenas para posicionamentos apaixonados em nome de um Brasil que há séculos tem suas riquezas surrupiadas por interesses que sempre estiveram acima do povo.

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Nas palavras do editor Wendell Guiducci, o problema neste momento conturbadíssimo do Brasil é que não existe um projeto de país, apenas um projeto de poder. Preocupa não só quem fica e sai do governo, mas a ingovernabilidade de um Brasil que está a deriva, com homens e mulheres reduzidos a apelidos chulos – os “coxinhas” e os “petralhas” -, e gente que rema só para si. O negócio aqui é o salve-se eu e meus cumpradres e que se dane todo o resto.

Se a volta da ditadura amedronta o nosso imaginário – condição que jamais iremos admitir -, o que dizer da atual ditadura de um governo que nomeia ministros ao bel prazer só para proteger os seus? E também o que dizer de uma oposição golpista que em nome de uma moral que nunca teve ( que o diga a lista da Odebrecht) apresenta-se como salvadora do Brasil?

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Não precisamos de autoritarismo, nem de heróis midiáticos, muito menos de justiceiros, mas da reforma política e de instituições comprometidas, capazes de unificar um país destroçado pela corrupção e pela lama que diariamente nos assolam e que, diferente do que aconteceu em Mariana, vem nos matando aos poucos. Se o atual governo não me representa, tão pouco os candidatos ao trono que tem em Eduardo Cunha, seu rei momo. Lá, na Brasília city, há um congresso com centenas de políticos da corte que de bobos nada têm, pois manipulam, com maestria, 200 milhões de brasileiros. Gente que voa em jatinhos, sobrevoando a ralé que eles tanto desprezam.

Até quando os filhos de uma mesma pátria vão se enfrentar e se desrespeitar? Divididos, somos mais fáceis de manipular. E se vivemos em uma democracia, expressar opiniões não deveria resultar em violência e xingatórios. Que democracia é esta que exige que todos pensem igual, pois quem não pensa como eu é automaticamente tratado como inimigo?

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Em Zootopia, Judy Hopps, uma coelha sonhadora, faz uma pergunta crucial:

– Que tipo de animal queremos ser?

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Seres humanos que ainda somos, ou pelo menos deveríamos ser, a pergunta que gostaria de fazer é:

– Que tipo de brasileiro você é?

O domesticado, o selvagem ou o livre pensador, que não se deixa imobilizar por dogmas, partidos e rótulos? Empunhar bandeiras é fácil. Difícil é arregaçar as mangas coletivamente em prol de um novo país, sem espaço para velhos caciques da política e falsos pais de pobres. Porque de utopias e de mentirosos, estamos cheios.

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