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Ela tem muito ódio no coração

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A campanha presidencial dos Estados Unidos tem sido uma aula de bestialidade. Em cena, Donald Trump, um magnata belicoso levou o nível da discussão ao ponto mais baixo de uma disputa americana. No debate transmitido para mais de 80 milhões de pessoas na última semana, o candidato do Partido Republicano xingou Hillary Clinton de “demônio” e chegou a ameaçá-la de prisão – caso seja eleito -, por conta do uso indevido de e-mails pessoais para tratar de assuntos governamentais. Como um lobo prestes a atacar, Trump rodeava a democrata Hillary Clinton enquanto ela falava, demonstrando claramente sua dificuldade para conter a raiva.

Em noite de pouquíssimas propostas e agressões mútuas, Hillary acusou seu oponente de sexismo, relembrando o vídeo divulgado recentemente pelo jornal “Washington Post”, no qual o “homem-celebridade” se gaba de conseguir qualquer mulher por ser “famoso”. Segundo Trump, sua arma de conquista é a sedução barata. “Basta pegá-las pela (…..), disse Trump no vídeo de 2005, referindo-se de forma vulgar ao órgão sexual feminino.

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Trump manteve-se na defensiva e acusou o marido de Hillary, Bill Clinton, de assediar sexualmente várias mulheres e de violentá-las. “Você deveria ter vergonha disso”, disparou o bilionário, que minimizou suas afirmações no vídeo tornado público dizendo tratar-se apenas de “conversa de vestiário”. E o show de horrores, como a imprensa americana classificou o debate, não parou aí. “Ela tem muito ódio em seu coração”, disse Trump sobre a rival, que teria usado o termo “deploráveis” para se referir aos apoiadores do republicano.

O que é mais assustador nessa disputa é ver como o discurso preconceituoso, agressivo e machista de Trump encontra eco na população americana. Trump, o homem que pretende construir novos muros de Berlim, não fala em paz. Prega o separatismo, a violência e o olho por olho e o dente por dente. E dizem que somos nós os subdesenvolvidos.

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Triste é ver no palco do mundo um monstrengo como Trump falar sobre o futuro dos Estados Unidos. Surpreendente é assistir um povo colocar na mão de um desequilibrado o botão que decidirá o futuro dos americanos e, por que não dizer, do resto do mundo. Na noite para ser esquecida, Trump e Hillary não apertaram as mãos. Revelaram ao planeta o tipo de líderes que são: fracos, centralizadores e sem capacidade de diálogo.

Já estou com saudades de Barack Obama.

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