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Pelo que seremos lembrados?

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Eu me pergunto sempre que tipo de marca quero deixar nessa existência. Me questiono se o que estou fazendo é relevante para outras pessoas, se resistirá à passagem do tempo a ponto de ser lembrada por isso quando eu não estiver mais aqui. Conheço uma pessoa que já tem essa resposta em vida. Em forma aos 93 anos, Dona Isabel Salomão de Campos caminhou de tal maneira neste mundo que suas pegadas ficarão marcadas na alma de quem tem o privilégio de conviver com ela. Não só pelo tamanho da sabedoria e bondade que carrega, mas pelo gigantismo do seu exemplo.

Dona Isabel não fala apenas de amor, ela vive o amor pelo próximo. Ela não ensina a caridade, a pratica em todas as suas formas. Jamais a vi perder a confiança de que tudo está sendo conduzido para o nosso melhor. Espírita, e, acima de tudo cristã, ela não tem medo de nada, apenas de fazer mal aos outros. Como não corre nenhum risco nesse sentido, posso dizer que Dona Isabel é a mulher mais corajosa que já conheci, porque a coragem dela está na dedicação de uma vida inteira em benefício do outro. Em compartilhar as suas certezas para que os outros também sejam felizes.

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Não que ela não tenha problemas, isso ela enfrenta aos montes, porque ninguém manteria sem dificuldades uma imensa obra social há 60 anos – sem verba do poder público -, para ajudar a criança, o jovem, as famílias e qualquer criatura que precise de socorro. O que impressiona nela, porém, é a capacidade de se fazer maior do que qualquer problema, de não se abalar por nada, já que seus olhos estão sempre voltados para muito além de si.

Por isso, ela experimenta a alegria verdadeira, aquela de quem tem a consciência tranquila por fazer tudo que está ao seu alcance para tornar o mundo melhor do que encontrou. Atualmente mais recolhida em casa, em função de limitações compreensíveis da idade, Dona Isabel continua trabalhando e não para de surpreender.

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Esta semana, apareceu de surpresa no culto de formatura do neto dela, o Leon, que se formou em Direito. Quando cruzou a porta de entrada da Casa do Caminho, onde o evento aconteceu, houve um burburinho. Todos os olhos se voltaram para ela que foi ovacionada pelo público. Aplaudida de pé, Dona Isabel sorriu, assentando-se, discreta, na cadeira do salão. Depois de cumprimentar o neto, ela se levantou para ir embora e foi, novamente, muito aplaudida.

Com seu bom humor e carisma de sempre, ela acenou para as pessoas, dizendo que não queria votos, apenas o amor de cada uma. Entre tantos dias e noites que passei ao lado de Dona Isabel, nas últimas três décadas, esse episódio não sairá da minha memória, porque trata exatamente do reconhecimento público de quem é e será sempre lembrada por muito amar.

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