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A pior mãe do mundo

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A escritora americana Jaime Primak Sullivan faz sucesso nas redes sociais, mas, recentemente, dividiu a opinião de seus seguidores no dia em que se tornou, segundo sua própria descrição, a “pior mãe que já existiu… Tipo… No mundo todo”. Recentemente, ela levou a prole de 5, 7 e 8 anos para a Dairy Queen, uma cadeia de restaurantes conhecida lá pelas bandas do Tio Sam. Era noite, e os meninos já tinham jantado em casa. Na lanchonete, os filhos dela iriam saborear uma esperada sobremesa. Após cinco minutos de fila, o número da senha que tinham recebido foi anunciado. Ansiosas, as crianças receberam eufóricas um sorvete cada uma das mãos de uma atendente com cerca de 17 anos. Sullivan passou, então, a observar os filhos.

Ela conta que nenhum deles olhou quem os serviu nos olhos, muito menos agradeceu por isso. “Contei até dez na minha cabeça enquanto eles devoravam o sorvete, e a jovem apenas olhava para mim. Vi meus filhos saírem pela porta. Os segui até o lado de fora, onde, calmamente, peguei o sorvete deles, enquanto eles me olhavam com horror, e joguei na lixeira que havia por perto. Os três ficaram histéricos. Eu esperei. Quieta. Calma. Quando eles se deram conta de que eu tinha algo a dizer, eles se acalmaram. Expliquei que um dia, se eles tivessem sorte, iriam ter um emprego como o daquela jovem. E que eu esperava que as pessoas os vissem. Realmente os notassem. Olhassem eles nos olhos e dissessem ‘obrigado'”, afirmou. No final do seu desabafo, a escritora escreveu. “Hoje, eu sou a pior mãe do mundo.”

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O post de Sullivan viralizou na internet. Pessoas que trabalham em restaurantes escreveram para ela admitindo o quanto é difícil ser ignorado e agradecendo pela atitude dela. Outras criticaram a mulher, considerando radical a forma como ela corrigiu os filhos.

Quando comecei a escrever esse texto, a diagramadora do jornal, Simone Chiconeli, me olhou assustada ao ler o título da coluna: “Mas quem é a pior mãe do mundo, gente?”, ela questionou. Respondi que a pior e a melhor mãe do mundo somos todas nós, eu, ela, a americana Sullivan e cada mãe que luta todos os dias para errar o menos possível na formação dos filhos, embora, muitas vezes, sem sucesso. Ainda que a palavra explique, me dei conta que só o exemplo convence e inspira aqueles que inicialmente enxergam o mundo pelas nossas lentes.

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Refletindo sobre o difícil processo de educar, me lembrei do dia em que encontrei, casualmente, com a mãe de um amiguinho de escola do meu filho que tinha sido matriculado em outra instituição de ensino. Na conversa, ela me falou sobre os avanços do seu pequeno no novo colégio com formação voltada para o mercado de trabalho. Empolgada, contou que o menino de 5 anos seria preparado para disputar, em alguns anos, uma vaga no Colégio Militar. Ele já escrevia as primeiras palavras, falava inglês e, na vida adulta, estudaria fora do país. Eu apenas escutava, acuada, afinal, não tinha nenhum planejamento para o meu filho. No começo, me senti culpada por isso. Mentalmente, me cobrei: mas, afinal de contas, que tipo de mãe eu sou que não tem planos para o futuro de seu próprio filho?

Levei algum tempo para encontrar resposta para a pergunta que formulei a mim mesma naquele rápido encontro de mães, na Rua Halfeld, em uma manhã de sol. Entendi que não tracei metas para o Diego, porque meu único plano é que ele cresça feliz e se lembre, nos piores e melhores momentos de sua vida, do amor que recebeu.

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