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Apesar de diferentes, somos iguais

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A entrega do Oscar, realizada no último domingo, em Los Angeles, rendeu uma semana de comentários. Para os entendidos, como o jornalista da Tribuna Júlio Black, a injustiça do ano foi a estatueta ter ido parar nas mãos de Rami Malek, o ator que interpretou na telona o ídolo Freddie Mercury no longa “Bohemian Rapsody”. “Ele nem cantou”, criticou Black ao comentar a dublagem feita pelo americano de 38 anos escolhido pela Academia como o melhor ator do ano. Para justificar sua indignação, Black citou Bradley Cooper, o também ator americano que aprendeu a tocar guitarra e soltou a voz ao interpretar o cantor Jackson Maine, no remake musical “Nasce uma Estrela”. Lembrou, ainda, Christian Bale. No páreo como Dick Cheney, o vice-presidente mais poderoso e mais controverso da história dos Estados Unidos, Bale foi primoroso na caracterização do personagem. Engordou 20 quilos para o papel, incorporando Cheney de corpo e alma. Na lista de insatisfação do repórter Júlio Black estava ainda a escolha de “Green Book: o Guia” como melhor filme, já que na cartela de opções havia “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee, que declara guerra contra a América trumpista em uma militância atual e necessária contra o racismo.

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Os argumentos de Júlio Black são “justos, muito justos, justíssimos”, como diria o saudoso ator brasileiro José Wilker, no famoso bordão do icônico personagem Belarmino. Mas, preferências e injustiças à parte, é preciso reconhecer a luta de cada indicado para chegar até ali. E Black, claro, reconhece isso. Independentemente da posição milionária que alcançaram, todos têm uma história de percalços e superação para contar no caminho para o estrelato.

Foi Lady Gaga, a cantora pós-feminista pop premiada pela canção Shallow, quem mais surpreendeu. Não pelo diamante de mais de 120 quilates que usava, mas por conseguir, em meio ao brilho dos holofotes, vestir-se de humanidade: “Se você está em casa, sentado em seu sofá vendo isso, tudo que eu tenho a dizer é que foi um trabalho duro, eu trabalhei muito duro por um longo tempo e não é sobre ganhar, mas sobre não desistir “, disse a atriz, em lágrimas, antes de concluir: “Se você tem um sonho, lute, há uma disciplina para a paixão, o que conta não são todas as vezes que você é rejeitado e todas as vezes que você cai. Tem a ver com cada vez que você luta, onde você é corajoso e persevera”.

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A luta pela realização dos sonhos é o que move as pessoas no desejo de encontrar o “seu” lugar ao sol. Independentemente da fama, o que cada um de nós quer é ser reconhecido, acolhido e feliz. E, quando se trata da construção de nossa identidade, o que faz realmente a diferença é o quanto de amor recebemos e somos capazes de doar.

Roma, o aclamado filme de Afonso Cuarón, é um exemplo disso. O monumental relato do México nos anos 1970 é muito mais do que uma metáfora de um país e suas desigualdades. É uma volta ao passado do próprio Cuarón, que dedica seu filme a “Libo”, a mulher de origem indígena que começou a trabalhar na casa do diretor quando ele tinha menos de 1 ano de idade, permanecendo ao lado da família por anos a fio. Referência da infância de Cuarón, a empregada doméstica Libo ocupou um papel importante não só na casa dele, mas em sua vida.

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Apesar das diferenças, nos tornamos melhores quando somos capazes de reconhecer a humanidade existente no outro. E, como diria Júlio Black, “vida longa, próspera e… obrigada pelos peixes”.

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