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Publicitário que não gosta de prêmio, ou não trabalha na área ou nunca ganhou um

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Dizem que não existe ego maior do que o de um publicitário. Ou, pelo menos, mais sensível. Como diz Washington Olivetto, publicitário é um bicho que tem o ego massageado e destruído diariamente. E isso fica pior ainda com quem trabalha com criação. Uma peça, uma campanha, um slogan, um filme são como filhos gerados com alguma inspiração e muita transpiração. E ouvir elogios ou críticas numa reunião de apresentação é o céu e o inferno. Preferimos o céu, claro.

Essa história de ego inflado me faz lembrar de um amigo de Caxambu, capital do sul de Minas. Era um cara que praticamente precisava sempre de dois lugares na mesa, no carro ou no cinema: um para ele e outro para o seu ego. Para ilustrar o quanto publicitário ele parecia, numa noite qualquer, num primeiro encontro qualquer, depois de ficar falando dele próprio e de suas conquistas por mais de meia hora, dirigiu-se constrangido para a acompanhante e disse: me desculpe, estou aqui há meia hora falando de mim e praticamente não ouvi você. Por favor, sua vez agora de falar de mim.

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Não existe insuflador melhor de ego de publicitário do que prêmio. Publicitário adora ganhar prêmio. Quem não gosta é porque não está na área ou nunca ganhou um. Eu adoro. E por várias razões, sendo que a menor delas é para massagear meu ego. Prêmio para mim, para a República, é fonte permanente de evolução, é um balizador, um indicador de tendência, uma luz que nos aponta caminhos e mostra que estamos no rumo certo quando o assunto é criatividade. Além disso, prêmio é sinal de bom trabalho, de criatividade reconhecida, de cliente satisfeito. E aí, prêmio vira círculo virtuoso: bons trabalhos atraem bons clientes; bons clientes geram bons trabalhos, que podem ganhar prêmios, que atraem bons clientes.

Se prêmio fosse só uma questão de ego, não existiriam tantos e tão importantes por aí. No mundo, só para citar alguns, temos The One Show, Clio Awards, London Festival, New York Festival, El Ojo, Winna e Cannes, o maior e mais importante deles, o Oscar da propaganda. Só para se ter uma ideia, em 2017, as agências brasileiras investiram 6 milhões de reais, totalizando 3.117 inscrições. E olha que ainda falta computar os gastos com traduções, filmes case e, claro, viagem à Riviera Francesa. Ou seja, chega a ser miopia pensar que prêmio é apenas uma questão de ego. Tem muito gelo além da ponta desse iceberg ou, mineiramente, tem muito caroço nesse angu.

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E na nossa Juiz de Fora, como funciona essa parada? Já tivemos aqui o Clube de Criação, que promovia anualmente seu festival, devidamente registrado num anuário; e, também, o prêmio Tubal Siqueira, da TV Integração, que colocou JF e Uberlândia numa briga boa pela criatividade – bem verdade que nos últimos anos do prêmio só deu os caras de lá, com exceção da categoria estudante, onde nossos alunos juiz-foranos arrebentavam e um bronze ou outro para as agências daqui. Pena que acabou. De qualquer maneira, era um tempo rico de criatividade, onde percebia-se uma evolução constante e ágil das agências. Uma história muito bacana que merece ser contada com mais detalhes num próximo domingo. Para hoje, fica a saudade das festas do Clube de Criação, da boa disputa, do mercado aquecido e efervescente. Para aliviar um pouco essa saudade e a necessidade, em 2018 teremos 2 prêmios por aqui: o do Grupo Libertempo e o do Grupo Solar. Uma ótima notícia para quem entende que ganhar prêmio pode até massagear egos, mas o que infla mesmo é a carteira de clientes.

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