Na Holanda, transformam igrejas que ninguém mais quer frequentar em pistas de skate in door.
Na Inglaterra, em escolas de circo.
Na Escócia, em pubs.
Mas também há templos sendo transformados em cafés, restaurantes, bibliotecas, residências. No Canadá. Na Austrália.
Nos Estados Unidos, uns malucos converteram uma antiga igreja luterana na Igreja Internacional da Cannabis, uma espécie de maconhódromo da fé na cidade de Denver, no Estado do Colorado.
No Brasil, uma das nações com maior número de cristãos no mundo, não tenho notícia de que o ateísmo crescente (8,9% da população do país, segundo dados da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) tenha levado a este tipo de vanguarda arquitetônica, embora veja, dirigindo por aí, muita capelinha de interior em ruínas.
Ainda assim, parece que tem sobrado hóstia na sacristia.
Outro dia uma aluna me contou que o padre da paróquia que sua mãe frequenta, numa pequena e pacata cidade vizinha, distribuiria as rodelinhas de farinha de trigo e água às comunidades carentes para evitar que elas estraguem e, assim, dar um reforço no cardápio do pessoal.
(A quem interessar possa, uma hóstia pode ter prazo de validade entre três e oito meses, dependendo do processo de produção. No site da Cordis, empresa que comercializa paramentos e objetos litúrgicos, um pacotinho com cerca de 700 unidades custa R$ 12,80 – R$ 12,16 para pagamento à vista. E não contém gorduras saturadas nem gorduras trans.)
Pode ser apenas uma lenda urbana interiorana, mas eu não entenderia o ato do referido padre como heresia.
Pelo contrário.
O sacerdote estaria tão somente colocando em prática a primeira das sete obras de misericórdia corporais, dar de comer a quem tem fome.
A hóstia – não consagrada, bom que se registre –, contou minha aluna, conferiria inclusive uma boa sustança ao feijão das comunidades atendidas pela paróquia.
Há apenas que se corrigir um pouco o sal.