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Os invisíveis

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Ali naquela calçada só se acredita no que pode ser visto.

O carro do ano. A cerveja gelada. A fumaça do Paiol.

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Disco voador? De jeito maneira. Espírito obsessor, Saci, assombração? Mula-sem-cabeça, mal-olhado, Curupira? Orixá, Cobra Norato, lobisomem, Mulher de Branco, menina-cachorro, menino-planária? Qual o quê!

(escorado em provérbio basco, duvido, mas advirto: o que tem nome, existe)

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Sabem da roupa, do seio de mentira – que também é de verdade -, do jogo de ontem, da pílula do dia seguinte, da pururuca crocante, do cartão de crédito, do cachorro-quente da esquina, do tiro de fuzil que mata gente preta.

Sorvete Kibon. Chaves na TV.

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No fuzuê daquela calçada, o intangível navega ao largo: o balé dos astros; a pica do tamanho de um cometa; o índio de Caetano que agorinha cavalga na imensidão da galáxia uma estrela colorida e brilhante.

Pessoal conhece de praia e bronzeador, de asa delta e de motor, mas das gentes que fenecem longe, afogadas em si mesmas, decrépitas, inúteis, comórbidas, nos cafundós do Mato Grosso ou no hospital do Maracanã, nada sabem, porque também estas lhes são invisíveis como alma penada e bicho protozoário.

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Ignoram, os inocentes do Leblon, do Soho e da Catalunha, a criatura acelular que surfa perdigotos. E saudáveis, histórico de atleta, beijam de língua a morte dos outros.

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