Em períodos de instabilidade econômica do mercado, a busca por uma gestão mais eficiente pode aumentar a segurança financeira de um negócio. Enquanto a flutuação das vendas ou as ações dos concorrentes são mais difíceis de prever, existem fatores internos que podem ser melhor controlados pelos gestores e empresários. Um deles é a decisão sobre como realizar as compras com os fornecedores, buscando condições que amenizem os riscos gerados por variáveis externas.
Toda empresa tem o lucro como um de seus principais objetivos. Essa mentalidade acaba direcionando os esforços dos gestores para um grande foco em vendas e em redução de custos. No entanto, o foco exagerado no lucro pode ter impactos negativos na situação do caixa de uma empresa, que representa a sua saúde financeira imediata. Isso pode levar à contração de dívidas (com juros normalmente elevados), que acabam deteriorando o resultado econômico do negócio.
Para buscar o equilíbrio entre um bom lucro e um caixa sólido, os gestores devem estar atentos a como estão sendo realizadas as compras. A compra à vista, preferida por muitos empresários, pois proporciona maiores descontos e a liberdade de dívidas futuras, pode causar uma descapitalização. Aliando isso às flutuações do mercado, uma empresa sem caixa pode facilmente entrar em situação de risco, por não conseguir arcar com suas obrigações fixas.
Deve-se lembrar que, apesar do desconto melhorar o lucro do produto, o dinheiro só irá retornar ao caixa após a venda acontecer e o cliente realizar o pagamento. Nessa situação, a compra a prazo pode garantir que a empresa reserve o seu caixa para o pagamento das contas fixas e utilize o próprio recebimento do cliente para o pagamento dos fornecedores. Esse fôlego gerado deve ser uma boa opção para empresas que não trabalham com uma boa gestão de fluxo de caixa ou que estão com as contas apertadas.
O gestor deve buscar a negociação com os fornecedores, tentando equilibrar com eles os prazos concedidos aos clientes. Dessa forma, é possível manter a política atual de vendas, dando prazo para o consumidor e garantindo o faturamento, sem a necessidade de um elevado capital de giro.
Nesse cenário, as empresas que conseguem ter uma boa reserva de caixa se colocam em situação favorável. Por ter o dinheiro “na mão”, conseguem comprar à vista sem se arriscar em excesso e, ainda, melhorar suas margens, aproveitando a própria necessidade de vendas dos fornecedores. Para que isso seja possível, é essencial ter um monitoramento preciso de caixa, de contas a pagar e a receber, permitindo um planejamento e controle das compras.
Em relação aos estoques, a eficiência está em conseguir atender a maior parte dos clientes, sem ficar com dinheiro parado. Compras de alto volume tendem a gerar maior descapitalização, além do fato de ficarem mais tempo paradas no estoque, expondo o negócio às mudanças do mercado. Por isso, investir em estoques maiores é recomendado apenas para produtos com uma venda estável ao longo do ano, menos sujeita às mudanças do consumidor.
Em produtos mais sazonais ou de modismos, é mais interessante garantir o lucro de uma quantidade mais enxuta de unidades (mesmo podendo não atender a todos os clientes) do que comprometer o caixa com itens que correm o risco de ficar encalhados em função de mudanças repentinas nas tendências de consumo. Isso pode ser atingido realizando compras menores e mais frequentes, sempre com a devida atenção aos controles recentes de venda.
Ao reavaliar suas compras, a empresa pode ter um estoque mais eficiente, que melhora a saúde dos negócios, mesmo com o mercado instável. Em consequência, a boa gestão de caixa permite aproveitar oportunidades únicas de compra e potencialização do lucro futuro. O segredo de tudo é buscar informações nos seus controles financeiros e fazer uma análise mais cuidadosa desses dados. Portanto, ir às compras com maior planejamento pode ser uma resposta eficaz às necessidades que o cenário nos coloca atualmente. Boas compras!