Não que eu seja supersticiosa, mas não gosto de brincar com premonições, maus presságios e , de forma geral, mexer om o azar. Até porque, ao contrário do que se mostrou por maioria no último processo eleitoral, no que diz respeito a muitas crendices, a sabedoria popular costuma ser, de fato, bem sábia.
Veja, abrir um guarda-chuva dentro de casa – ainda mais molhado – pode acabar em um choque elétrico. Passar embaixo de escada é pedir para alguma coisa cair lá de cima, ou pra dar um tombo na criatura que estiver por lá. Quebrar espelho pode até não dar sete anos de azar, mas eu que não quero juntar os cacos! Quanto a chinelos virados, minha mãe passa bem, mas peri as contas de quantas vezes já tropecei em algum pé.
Acho engraçado como a gente vai criando nossas próprias crendices bestas para brincar com a própria sorte . “Se eu atravessar a rua antes de o carro vermelho passar, meu projeto vai dar certo.” “Se o sinal tocar agora, vou ganhar o sorteio”… Desafios bobos que fazemos, cheios de soberba, com o destino, na tentativa de fingirmos que temos controle sobre o incontrolável. Ou talvez porque a vida seja dura demais sem uma pontinha de superstição.
Não é regra absoluta, óbvio. Tem crenças que são nada além de mentiras deslavadas e cruéis, espalhadas para favorecer o que ou quem não presta. Gente virando jacaré. Urna eletrônica inauditável. “O Brasil é o quarto país que mais vacina”… Lorotas que a gente vê por aí sendo replicadas, contadas sem o menor cuidado de dar ar de verdade, de forma chula, chinfrim, porca. Como se fôssemos idiotas. A estas balelas específicas dá-se costumeiramente, no Brasil contemporâneo, o nome de “mito”.