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Eu mirim

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Na última semana, como de costume nessa época, quase todo o Facebook virou criança. Odiadores odiarão, e argumentarão que não dá para reconhecer a pessoa pela foto infantil – como se nossa cara fosse nosso único crachá -, mas eu adoro ver as versões mirins da gente, circulando por um espaço que nem sonhávamos que existiria quando tínhamos aquele tamanho.

Tive uma infância muito feliz. Mas muito mesmo. Fosse arrancando a tampa do dedão brincando de lôba ou de pique-esconde, fosse embelezando minhas Barbies de pé mordido (era um vício, me julguem), estava sempre me divertindo horrores na companhia do meu irmão e dos meus primos, quase sempre no sítio da minha vó. Cresci brincando com meninos a maior parte do tempo, esgoelando-me de medo das imitações que monstros que eles faziam (um clássico era um demônio rosa de um olho só chamado Gyodai, vilão dos Changemen – que joguei no Google para escrever esta coluna, e… credo!). Igualmente, morria de rir das reviravoltas nas brincadeiras com bebês – bonecos de cabeças viradas, despenteados e batizados de “Curupira”. Bons tempos – não que os de hoje não sejam.

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Se um dia a pequena Jujuzinha de marias-chiquinhas cavasse um buraco no tempo e pudesse me ver agora, enquanto tento parir estas linhas, tenho certeza de que ela ficaria tranquila. Sou uma mulher feliz, que ama as mil coisas que faz, paga seus (muitos) boletos, ri até a cara doer, vive cercada de amor e de pessoas incríveis, e aprende (ou tenta aprender) com cada chapoletada que leva – sim, porque elas são inevitáveis. Mas criança tende a ver o mundo pelo seu melhor.

Por isso, se eu tivesse a chance sci-fi de encontrar minha versão mirim em pleno 2017, com censura à arte, brinquedo com gênero, propaganda racista de sabonete e o assustador prenúncio da campanha “Bolsonaro presidente”, eu saberia exatamente o que dizer: “Volta pro Gyodai, você não sabe o que é medo, menina!”.

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