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Tempestade

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Meteorologia não é ciência exata. No jornalismo, a gente aprende isso no escárnio. É como um rito de iniciação na profissão: redigir uma matéria com a previsão do tempo e sofrer um massacre nos comentários (antes, por telefone) porque ocorreu tudo ao contrário – condição agravada se for em um feriadão promissor.
Como quase tudo na vida, há muitas variáveis entre o parecer científico do meteorologista em um determinado dia, e se vai chover, ventar ou fazer sol quando a data de fato chega. Um vento maroto pode dispersar as nuvens de chuva. Um veranico pode pintar em pleno inverno e uma frente fria pode chegar a qualquer momento, fazendo você tirar o casaquinho do fundo da gaveta. Quem mora em Juiz de Fora certamente já presenciou de um extremo a outro na mesma semana, “as quatro estações no mesmo dia” etc e tal.
Com o tempo, a gente deixa de ser besta e passa sempre a ter um casaquinho a tiracolo ou a sombrinha na mochila. A liberdade de não querer ter controle de tudo – não se importar de tomar uma chuvinha também vem a calhar.
Como as previstas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há outras tempestades na vida que a gente não pode saber quando chegam. Mas o passar dos anos vai deixando a gente cada vez mais craque em se esquivar, encontrar abrigo e não tomar um pinguinho que seja.
Abri um biscoito da fortuna esses dias, “cuidado para não entrar em tempestades que não são suas”. Dei um suspiro de alívio fugitivo, de quem só não se safa de encharcar-se nos próprios temporais.

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