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Dancing with myself

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Vez ou outra, todo mundo tem dias em que absolutamente nada das pequenezas cotidianas dá certo. São aqueles em que perdemos a hora, quebramos a torradeira, o computador dá pau, o cabelo tá um horror, o serviço do dia todo vai por água abaixo… uma pequena amostra do apocalipse. Tive um destes nesta última semana (que já foi tarde!) e estive, para usar todos os chavões possíveis, “com os nervos à flor da pele” e “à beira de um ataque” deles, ao mesmo tempo. Paciência, resiliência e serenidade não são minhas maiores virtudes – às vezes, desconfio até que sou desprovida delas.

Nestes dias, tudo irrita. Piadistas do “noooooooooossa, tá tão séria hoje!”, os demagogos do “calma, vai dar certo”, e a raça mais enervante que existe, a galera dos panos quentes: “não adianta ficar com raiva, vai resolver nada.” Se a fúria consertasse dispositivos que misteriosamente falham, faliríamos as assistências técnicas de impressoras. Se o olho pulando de ódio recuperasse arquivos perdidos, não precisaríamos de nuvens, HDs e o diabo-a-quatro para guardar nossos bens digitalizados. Se não xingar restaurasse a dor de chutar a quina do armário com o mindinho, boa parte do ofício de ortopedistas seria extinto. A questão não é essa.

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Tem horas que a gente só quer esperar a cabeça esfriar sem que a falação de outra pessoa – muitas vezes até bem-intencionada – esquente mais nossos miolos. Xingar todos os palavrões que conhece quando quebra o vidro de azeite na cozinha (ô troço ruim de limpar!), ou quando a internet cai bem na hora em que você precisava enviar um e-mail profissional. Amarrar a cara no nosso cantinho quando, nestes dias em que falo, coisa alguma parece andar. Não é à toa que existe a expressão “cara de poucos amigos”. Em dias assim é tudo que a gente quer – poucos amigos.

Tenho horror de gente que destrata as pessoas e de manifestações grosseiras ou de ódio. Mas, muitas vezes, empatia é entender que o outro precisa de um tempinho consigo mesmo, pra remoer estas raivinhas cotidianas, quase sempre passageiras. Minha resposta a elas é sempre melhor em carreira solo, e com ares pop-nostálgicos, dançando comigo mesma, “Dancing with myself”, como Billy Idol em seu hit oitentista atemporal.

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