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Mu

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Tudo bem que já faz uns bons anos que o José Simão cravou o Brasil como “país da piada pronta”. A essa altura do campeonato, é preciso muito esforço pra surpreender quem peleja nesse país em que o “Sensacionalista”, site humorístico de fatos absurdos, perdeu a graça. Dito isso, pode ser apenas que eu seja muito trouxa, mas perdi as estribeiras quando li, na última semana, o nome de (mais) uma cepa sendo monitorada no Brasil: variante Mu. VARIANTE MU! Piada prontíssima, mais rápido que um miojo.
Na ausência de boteco por presença do meu juízo, não aguentei e obviamente fui gritar no vale do eco das redes, o Twitter. Logo encontrei coro na minha incredulidade, “Pelamordedeus VARIANTE MU?”, e fiz minha mesinha digital de bar com quem dividi a redação da Tribuna  – e outras mesas, de bares palpáveis.
Não é que jornalista saiba de tudo – e nem deve ter a arrogância de tentar. Mas com algum tempo de profissão, a gente vai entendendo como as coisas funcionam. Algumas delas, pelo menos. Explico: de tanto entrevistar meteorologistas pra fazer previsão do tempo – e errando muitas vezes – a gente vai entendendo um pouco quando o tempo vira, por exemplo. Da mesma maneira, também dá pra saber que os dados sobre certos crimes, como o feminicídio, indicam sempre um número mais baixo do que os que ocorrem na realidade, porque os dados se referem somente às violências denunciadas.
Ainda assim, a gente não pode sair publicando palpites sem checar, confirmar, ouvir quem entende do assunto, acompanhar os fatos, fazer o que é esperado de nosso ofício. Mas nas horas vagas, a palpitagem é um passatempo frequente e estimado. E não é que qualquer linhagem viral e as desgraças que se desdobram a partir dela tenham qualquer graça. Não têm.
Contudo, com o perdão do trocadilho e sem tirar a gravidade do tema, antevejo o cenário que tende a se desdobrar, como boa palpiteira formada ao longo de anos de jornalismo. E ouso chutar data: a partir de sessetembro. Uma provável alta da variante Mu se deverá, entre outros aspectos, a circulações e aglomerações motivadas pelo toque do berrante e que deixa uma trilha de odor inconfundível por onde passa.

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