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Des-pa-ci-to

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Se na minha juventude escapei de ser possuída “pelo ritmo Ragatanga”, o mesmo não posso dizer da vida adulta. Pode ser que minha imunidade musical tenha baixado com o passar dos anos e agora eu esteja vulnerável a qualquer hit “tão ruim que é bom” do momento. De umas semanas pra cá, se tenho uma brecha entre um raciocínio e outro, estou cantando “Despacito”- nem que seja mentalmente. É como uma crise de espirros, não dá pra segurar – e eu tenho rinite alérgica, então imagine só.

Parece ser pandemia. Outro dia aqui no jornal, Lena diagramava uma página e também cantarolava uns versinhos. Renato, muito sacana, me mandou mensagem: “Des”. Eu, desligada, não entendi: “Quêêê?”. Ao que o fanfarrão respondeu: “pacito”. Fui madrinha de casamento de um casal de grandes amigos, em uma festa de sonhos e cheia de gente amada, e durante a valsa, os noivos surpreenderam dançando o quê? Ela mesma, a canção que não me sai da cabeça: “Deeeeeeeeees-pa-ciiiiiiiii-to”.

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Por fim, me entreguei. Escutei todas as versões do Spotify, com e sem Justin Bieber, remixadas ou não, ri de umas paródias horrorosas na internet, aumentei o som e dancei até enjoar. (O que ainda não aconteceu, registre-se). Mas pensei na expressão do título-refrão, que em espanhol significa “devagarinho”. E nem me incomodei mais, porque é assim mesmo que quero estar.

A vida é muito curta para a gente correr tanto e não se permitir apreciar as coisas, as pessoas e as experiências em seu devido tempo. Temos só esta passagem pelo planeta para passarmos sua integridade olhando para o relógio, temendo estarmos atrasados para alguma coisa. Aceleramos demais o passo e nos esquecemos do quanto é bom viver assim, “devagarinho”. Volto a escrever a coluna só em agosto, porque entro de férias e pretendo aproveitar meus dias de julho deste jeito: “Des-pa-ci-to”.

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