O empresário da Transpetro, Sérgio Machado, deu a letra, ainda em março de 2015, a Rodolfo Landim caso quisesse chegar à presidência do Flamengo. Não, Machado, até onde este miserável autor sabe, não era um conselheiro de Landim – embora, coincidentemente, ambos sejam empresários do ramo petroleiro. Machado, na verdade, sentenciou a panaceia ao ex-senador Romero Jucá (MDB): “um grande acordo nacional” era necessário. Tanto para depor a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) quanto para Landim ganhar as eleições rubro-negras de 2018, fazia-se necessário “um grande acordo nacional. Com o Supremo, com tudo”.
Landim não titubeou. E o então candidato da situação, Ricardo Lomba, antes seu correligionário, foi derrotado. O “Supremo” de Landim é Jair Bolsonaro, eleito para a presidência dois meses antes.
O ex-braço direito de Eike Batista fez um grande acordo na Gávea com cabos eleitorais de correntes políticas das mais diversas matizes para assumir a presidência do Flamengo. Para retribuir o apoio, os acomodou em algumas vice-presidências. A de futebol, por exemplo, é de Marcos Braz, que não é, originalmente, do mesmo grupo político de Landim.
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Na pasta, Landim ainda instituiu uma espécie de conselho de notáveis, constituído pelo próprio Braz, por Luiz Eduardo Baptista, o Bap – o figurão da mesma corrente de Landim – e por Dekko Roisman, Fábio Palmer e Diogo Lemos, representantes dos grupos FlaFut, Ideologia e Sinergia, respectivamente.
Uma coalizão rubro-negra para estancar qualquer sangria.
Um acordo similar àquele do então vice-presidente Michel Temer (MDB). Ou, até mesmo, ao de Dilma, para suceder Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto. E ao de Bolsonaro, no bico do anu, sob investigação por suposta interferência na Polícia Federal. Landim emula o estereótipo do mais tradicional político lotado no Congresso Nacional. Como Gilberto Kassab, sim.
O presidente do Flamengo cumpre todos os critérios para integrar o Centrão caso deseje eventualmente pleitear uma cadeira na Câmara ou no Senado. Não por suas habilidades políticas, mas, sim, por ser um oportunista, em todos os sentidos do termo, ávido leitor.
Qualquer programa estabelecido por Landim é norteado pelo dinheiro. Acima de tudo, acima de todos. Para tanto, não tem escrúpulos em ser o avalizador de Bolsonaro no futebol. Em fiar, de peito aberto, a empreitada do presidente do País contra a Rede Globo. Landim é o artífice da Medida Provisória 984 – a MP do Flamengo, como é conhecida nos bastidores -, que deflagrou uma guerra pelos direitos de transmissão dos jogos. Em troca, brigaria, pelo seu presidente, a favor da volta do futebol a qualquer custo, inclusive o da vida. Seja de um garoto do Ninho do Urubu, seja de uma vítima fatal do coronavírus.
Tal qual o presidente, Landim beija a morte, desde que valha qualquer margem de lucro.