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Apenas 30 anos…

Foto: Assessoria/CBF

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Das maiores jogadoras da curta história do futebol feminino brasileiro, Formiga, 41 anos, faz-se indispensável ao meio-campo da Seleção Brasileira. Aposentada do escrete canarinho, cedeu às súplicas de Vadão para retornar à equipe. Sublime, Miraildes Maciel Mota é o elo de duas gerações. Acompanhou Sissi e Michael Jackson – símbolos da década de 1990 -, e recebeu, nos anos 2000, Marta e Cristiane. Caloura no Mundial de 1995, na Suécia, aos 17 anos, Formiga disputará, na França, sua sétima Copa do Mundo, recordista nas categorias masculina e feminina. Mas Formiga foge à sua natureza.

Respaldada pelos anos de carreira, é testemunha da negligência das instituições brasileiras com a modalidade, desde o Estado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O futebol feminino, na verdade, é constituído pela censura. Entre 1941 e 1979, as mulheres foram proibidas, por decreto, da “prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”, dentre eles, o futebol, em dispositivo de lei que instituíra ainda o Conselho Nacional de Desportos. Tratava-se, sobretudo, de uma política estadista de criminalização de qualquer forma de emancipação feminina.

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Logo, data apenas de 1988 a primeira formação da Seleção Brasileira feminina, embora a qualidade fosse inquestionável. Tanto que, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, as jogadoras terminaram na quarta colocação – edição em que modalidade estreara nas Olimpíadas – e, três anos depois, no Mundial dos Estados Unidos, conquistaram a terceira. Aos olhos da CBF, os resultados foram insuficientes para o investimento em estrutura, bem como para os governos federais, inoperantes em criar mecanismos para fomentar o esporte junto a estados e municípios. Se a Seleção entra como coadjuvante no Mundial da França, a normalização do descaso com lendas como Marta e Formiga é imperativa.

O recente ingresso de agremiações tradicionais evidencia a lenta caminhada da modalidade. Deram-se, coincidentemente, por intervenção da ex-presidente Dilma Rousseff, única mulher a ter ocupado o Palácio do Planalto. A criação de equipes femininas foi imposta como contrapartida à adesão dos endividados clubes brasileiros ao Profut, programa de refinanciamento de dívidas tributárias acumuladas junto à União. Pouca força faz a CBF, afinal, tocam a modalidade o coordenador Marco Aurélio Cunha e o técnico Vadão, nomes, no futebol feminino, sem reivindicação histórica alguma. Enquanto isso, a Michael Jackson e Pretinha foram relegadas as únicas cadeiras para a modalidade no decorativo ‘Conselho dos Craques’.

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