Combustíveis: como funciona a composição do preço da gasolina
Após uma queda nos primeiros meses da pandemia, os preços dos combustíveis na bomba vêm aumentando desde meados de 2021, quando as atividades econômicas foram retomadas após a fase mais rígida do isolamento social. Agora em 2022, o conflito na Ucrânia e as sanções impostas à Rússia estão fazendo o preço do petróleo subir.
O preço da gasolina brasileira é formado por: custos de produção da Petrobras (condicionados à variação do dólar); custos de distribuição e revenda; preços do etanol e do biodiesel (adicionados à gasolina para reduzir a emissão de gases poluentes); ICMS (imposto de competência estadual) e tributos federais (como Cide, PIS/Pasep e Cofins).
A maior fatia do preço da gasolina corresponde à realizada pela Petrobras e corresponde a 39% do valor total. O ICMS, o PIS/Pasep e a Cofins agregam 34% do valor final, sendo 24% para o primeiro e 10% para os restantes. O lucro das distribuidoras representa 13% do valor final e, por último, o etanol anidro fica com 14% do valor – de acordo com dados da Petrobras.
Segundo o levantamento recente do projeto Global Petrol Prices, feito em 21 de março, o Brasil tem atualmente a segunda gasolina mais cara entre as principais economias sul-americanas, atrás apenas do Uruguai. Países que possuem gasolina muito mais barata que a do Brasil, como Venezuela e Argentina, adotam intervenções estatais nos preços, como subsídios pesados no caso venezuelano e congelamento de valores no caso argentino.
Os preços estabelecidos pela Petrobras nas refinarias ainda estão defasados em relação ao mercado internacional, mesmo com a queda de preços do barril de petróleo e a valorização recente do real em relação ao dólar. A defasagem está em cerca de 7%, comparado a quase 40% no pior cenário deste ano, quando o barril de petróleo do tipo Brent bateu US$ 139, maior valor em 14 anos.
No entanto, o Brasil, desde 2016, é um exportador líquido de petróleo e grande vendedor de boa parte das commodities que estão com os preços em alta. Com isso, felizmente, a gangorra entre dólar e commodities voltou ao normal, depois de ter sido quebrada pelas peripécias fiscais do governo, e o dólar exibe agora boa, ainda que provisória, desvalorização.
por Mylena Carvalho