Enxadrista juiz-forano busca vaga na semifinal do Brasileiro Absoluto

Xadrez na família de Pedro percorre gerações


Por Fabiane Almeida, estagiária sob supervisão da editora Regina Campos

12/09/2018 às 20h47- Atualizada 12/09/2018 às 20h48

Enxadrista conta que torneio mais marcante foi o Mundial de 2014, no Brasil, onde jogou sua partida mais longa, que durou cerca de seis horas e 40 minutos. (Foto: Felipe Couri)

Aos 20 anos, o enxadrista juiz-forano Pedro Ferreira Lage guarda, em um cômodo exclusivo, as lembranças de suas participações e conquistas: são mais de 170 medalhas e de 90 troféus. Entre sexta-feira (14) e domingo (16), Pedro disputa mais um campeonato, o Zonal Mineiro, em Belo Horizonte, em busca da classificação para a final do Brasileiro Absoluto de Xadrez, que acontece em novembro, no Estado de São Paulo.

Em 2014, o jovem havia se classificado para a semifinal do Brasileiro, em Manaus (AM), mas não pôde comparecer à prova pela distância. Esse ano, o atleta se prepara mais uma vez para o desafio. “Não é fácil essa classificação. Os jogadores do estado são fortes, até mais do que eu. E o próprio torneio da semifinal é fantástico, jogam grandes mestres, e todos visam a final do Campeonato Absoluto. Normalmente, os jogadores que chegam lá são profissionais”, avalia.

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Na família de Pedro, o xadrez percorreu gerações. O avô ensinou ao pai, que o incentivou ainda quando criança. Já aos 8 anos de idade, o menino se encantou pelo esporte na escola. Desde então, Pedro se dedicou ao estudo do xadrez ao lado do pai, Josué Lage Neto, que o treinou e o acompanhou nos campeonatos até seu falecimento no ano passado. “A coisa que eu mais fiz na vida foi sentar para jogar xadrez com meu pai”, conta Pedro. “Começamos a estudar juntos, e eu não parei mais. E ele sempre me acompanhou em torneios. No início era por diversão, depois começamos a estudar para valer e se tornou algo mais focado em estratégias, táticas e procurando evoluir cada vez mais.”

Ao enxadrista, o que mais atrai no jogo de tabuleiro é a beleza e a complexidade do esporte. “É uma capacidade de raciocínio absurda, e é sempre diferente, são bilhões de possibilidades em poucos lances. A gente não tem controle.” Pedro concilia os estudos de xadrez com a faculdade de Engenharia Ambiental e o trabalho como professor do esporte. “O importante é estar sempre o máximo possível em contato com o tabuleiro, estudando, lendo livros e aprendendo.”
Dentre tantos campeonatos, em 2013, o enxadrista representou o Brasil no Pan-Americano de Xadrez da Juventude, na categoria sub-16. E, no último domingo (9), foi campeão do Torneio Liga Regional de Xadrez, em Barbacena.

Seu torneio mais marcante foi o Mundial de 2014, no Brasil, onde jogou sua partida mais longa, que durou cerca de seis horas e 40 minutos contra um atleta peruano, e venceu. “O mundial foi o torneio mais importante que joguei, essa possibilidade de contato com outra cultura e outra escola de xadrez é única. Consegui empatar com mestres e fui o 10º colocado geral e o melhor brasileiro na competição.”

“Pelé do xadrez”

Dentre os jogadores que Pedro Lage mais admira está o campeão brasileiro Henrique Mecking, de 66 anos. O jovem teve a oportunidade de conhecer o mestre em 2017, no torneio “Floripa Chess Open”, em Florianópolis (SC), e manteve contato. “É o maior jogador da história do país. No final da década de 1970, ele foi o terceiro melhor do mundo, é o Pelé do xadrez. Hoje, ter um sul-americano no top 100 é raro”, conta. “A gente é grato, porque se não tivesse ele, talvez nem jogássemos. O esporte poderia não ter tanta fama no país.”

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Medalhas de competições que o jovem participou (Foto: Felipe Couri)

É ao lado do “Pelé do xadrez”, que Pedro vem trabalhando em um projeto de análise de estratégias e jogadas, junto de jogadores profissionais, que auxiliam na preparação de Mecking para os grandes torneios de que participa. E, apesar de nunca ter disputado uma partida com o mestre, Pedro acredita que manter esse contato é tão importante quanto desafiá-lo em um jogo. “Já joguei com grandes mestres, mas nunca tive contato como tenho com ele, então você aprende muito mais que em uma simples partida. Posso trocar experiência e ver um cara que já jogou contra todos os adversários possíveis.”

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Tópicos: xadrez

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